Carrinhos para transportar crianças mudam cenário nos corredores de bloco cirúrgico do HC

Envolvimento de profissionais do hospital na humanização do cuidado ajuda no tratamento de pacientes pediátricos e emociona familiares


19 de abril de 2024 - , , ,


Os carrinhos fazem parte de uma série de ações desenvolvidas espontaneamente pelos profissionais do HC. Foto: Assessoria de Comunicação do Hospital da Clínicas UFMG

Quem vai ao bloco cirúrgico de um hospital onde são atendidas crianças espera ver pacientes em macas, em cadeiras de rodas, os pequenos com medo e pais e mães apreensivos, mas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas (HC-UFMG/EBSERH) é comum ver uma cena diferente: crianças circulando de carrinho, sorrisos e um clima de esperança e humanização que está emocionando os profissionais de saúde e acompanhantes dos pacientes pediátricos.

Trata-se de uma iniciativa dos próprios profissionais do HC, que se envolveram em uma campanha e arrecadaram recursos para compra de um carrinho para levar as crianças para o bloco cirúrgico. Na verdade, o engajamento foi tão grande que foram adquiridos dois carros – um batmóvel e um da mulher maravilha.

Hoje, o trajeto é feito pelos pacientes pediátricos que fazem tratamento com a Hematologia Pediátrica para punção lombar com quiomioterapia intratecal, mielograma e biópsia de medula óssea, mas a ideia é que os carrinhos também sejam usados pelas crianças acompanhadas por outras especialidades cirúrgicas, que fazem procedimentos variados no bloco cirúrgico.

Os carrinhos fazem parte de uma série de ações desenvolvidas espontaneamente pelos profissionais do HC e envolve um personagem que as crianças chamam de Dr. Batman, cuja verdadeira identidade é Paulo do Val Rezende, hematologista pediátrico do hospital. Fã de super-heróis e de crianças, durante a pandemia ele decidiu usar uma máscara do Batman por cima da máscara tradicional. “As crianças adoraram”, explica.

“Essa história toda é fantástica, porque ela foi evoluindo espontaneamente, com a sensibilidade autêntica e genuína de vários profissionais do hospital. Depois que comecei a atender com a máscara do Batman, a equipe de Enfermagem do bloco fez uma placa ‘Caverna do Batman’ para identificar a porta da sala”, explica. Em seguida, uma médica teve a ideia de fazer a campanha para adquirir um carrinho, a exemplo do que ela havia visto em outros hospitais.

A médica é Gabriela Zamunaro Lopes Ruiz, cirurgiã cardiovascular que atuava como residente no HC. “Nós conversamos aqui e tivemos a ideia de buscar recursos e todo mundo se envolveu. O marido de uma residente fez o cartaz da campanha, médicos, enfermeiros, anestesistas, o pessoal administrativo, de apoio, todos se envolveram e conseguimos comprar não um, mas dois carrinhos, que foram colocados à disposição das crianças após os trâmites de doação e processos de cuidado e limpeza”, relatou.

A história é um sucesso e se espalhou pelo hospital. “As crianças ficaram muito animadas com a ideia e como as notícias voam, mesmo aquelas que ainda não tiveram programação de procedimento no bloco, já estão perguntando quando vão passear no carro do Batman”, afirma Paulo Rezende, para quem a iniciativa traz benefícios aos pequenos pacientes e suas famílias.

“Nós cuidamos de crianças com doenças graves. As famílias, naturalmente, ficam apreensivas frente a essas doenças e a necessidade de realização de procedimentos cirúrgicos. Quando toda a equipe fica envolvida em minimizar de alguma forma esse sofrimento, isso gera uma experiência mais agradável e humanizada para tornar o bloco cirúrgico um ambiente mais receptivo para as crianças. Nós percebemos que as famílias se sentem mais acolhidas e mesmo aquelas crianças que têm medo de ir ao bloco cirúrgico ficam mais tranquilas”, explicou.

O médico ressaltou que tudo é resultado do comprometimento, da dedicação e da dedicação de diferentes profissionais, com foco integral e centrado nas crianças e suas famílias e não somente nas doenças que elas apresentam. “Seria impossível a história chegar aonde estamos sem o apoio de toda a equipe do bloco cirúrgico: enfermeiras e técnicas de enfermagem, anestesistas, cirurgiões, funcionários técnico- administrativos, funcionários da limpeza, da Farmácia, além do suporte da Unidade Funcional Pediatria, Onco Hematologia e da equipe de Hematologia Pediátrica”.

Segundo ele, os exemplos de satisfação dos pacientes não param. “Nós já tivemos crianças pedindo para ir ao bloco cirúrgico, mesmo quando não havia programação de realização de nenhum procedimento, só para ir até a Caverna do Batman e andar no carrinho. Outra vez, um paciente chegou ao hospital para realização de um procedimento cirúrgico vestido com a fantasia completa do Batman”, contou o herói.


Assessoria de Comunicação do Hospital da Clínicas UFMG