Casos de sífilis congênita quadruplicam em 10 anos

A doença será um dos temas do Simpósio do Departamento de Propedêutica Complementar


21 de agosto de 2019 - , ,


Segundo dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis 2018, do Ministério da Saúde, os casos de sífilis congênita no Brasil passaram de 1,9 a cada 1.000 nascidos vivos, em 2007, para 8,6 em 2017, um aumento de mais de 400%. Por isso, a doença é um dos temas do I Simpósio do Departamento de Propedêutica Complementar. O evento, gratuito, acontece nesta sexta-feira, 23 de agosto, das 8h às 12h, na sala 614 da Faculdade de Medicina da UFMG.

A sífilis congênita é a variação da doença transmitida de mãe para filho, através da placenta. De acordo com o Ministério da Saúde, a infecção pode causar má-formação fetal, aborto e até mesmo a morte do bebê. Além disso, o infante pode ter pneumonia, feridas pelo corpo, cegueira, deformações dentárias e ósseas, surdez e deficiência mental.

Segundo a professora do Departamento de Propedêutica Complementar da Faculdade (PRO), Suzane Pretti Neves, a dificuldade no acesso à informação e ao tratamento pré-natal podem ser consideradas possíveis causas para o aumento no número de casos da doença nos últimos anos. “Há ainda o problema de que a sífilis é uma doença que engana muito, pois é fácil de ser confundida com outras doenças”, completa a professora.

Ela alerta para o fato de que a sífilis possui fases latentes, nas quais o paciente não apresenta qualquer sinal de infecção. “Existe, ainda, uma negligência às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) por grande parte da população, mas sobretudo nos grupos vulneráveis, como usuários de drogas e pessoas em situação de rua”, alerta a médica. Suzane informa que essa negligência é observada também na prevalência de outras ISTs, como o HIV e a gonorréia.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito a partir de uma combinação do histórico médico da mãe e da criança, quando houver, e testes laboratoriais e radiológicos. O mais comum deles é o exame de sangue. “Hoje, temos testes rápidos que, a partir da coleta de sangue da ponta do dedo, podemos ter um primeiro resultado em cerca de trinta minutos. No caso de um resultado positivo para a sífilis, os testes mais aprofundados são então solicitados”, afirma a professora.

O teste deve ser realizado nos primeiros três meses de gravidez, sendo repetido logo antes do parto, já na maternidade. Quando o resultado do exame é positivo, tanto a gestante quanto a parceria sexual devem realizar o tratamento, para impedir a re-transmissão da doença. No caso da mulher, o Ministério afirma que o tratamento deve ser feito obrigatoriamente com a penicilina, a única forma capaz de tratar tanto a gestante quanto o feto.

Desacelerar

Suzane aponta algumas alternativas para desacelerar o crescimento da doença. “Hoje, existe uma recomendação do Conselho Federal de Medicina para que qualquer médico, quando receber um paciente, pergunte se ela já fez os testes para sífilis, HIV e hepatite”, esclarece. Caso a resposta do paciente seja negativa, o médico é orientado a oferecê-los.

Outra solução, segundo a professora, é o fortalecimento da informação sobre a doença, através de políticas públicas de educação sobre ISTs para jovens que entrem em idade sexualmente ativa. “Assim como alertamos sobre a gravidez na adolescência e sobre os riscos do HIV, precisamos informar também sobre a sífilis, sobre os riscos da doença, sobre a reinfecção”, reforça.

Simpósio PRO

O Simpósio comemora os 30 anos da PRO celebrando a interface com diferentes áreas da Medicina. O evento é gratuito e acontece na próxima sexta, 23, das 8h às 12h, na sala 614 da Faculdade. Além da sífilis congênita, também serão abordados os biomarcadores cardíacos.

Para se inscrever, basta acessar o site do evento.

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