Cooperação internacional é desafio para saúde indígena

Encontro de pesquisadores e indígenas levanta necessidade de articulação internacional para promoção de saúde


15 de outubro de 2019 - , , ,


Simpósio teve presença de pesquisadores e indígenas brasileiros e canadenses | Foto: Carol Morena.

Experiências e desafios na saúde indígena são comuns entre nações americanas. Essa foi uma das conclusões do Simpósio Internacional de Evidências Qualitativas para Decisões, realizado na Faculdade de Medicina da UFMG nos dias 14 e 15 de outubro.

Estiveram presentes lideranças indígenas das etnias Pankararu, Kambeba, Pataxós e Kaxixó, pesquisadores da UFMG, PUC Minas e Ciências Médicas, representantes da gestão de saúde e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), além de uma delegação do Canadá, composta por pesquisadores da Universidade de Alberta e lideranças da nação Blackfoot.

A troca de experiências apontou para uma similaridade entre desafios enfrentados por povos indígenas. “Antes de vir para o Brasil estive na Colômbia e os problemas são os mesmos, relacionados a saúde mental, suicídio e uso de álcool. Também há similaridades positivas, como a visão de bem-estar que os povos indígenas de diferentes países compartilham”, afirmou a representante Blackfoot Chyloe Healy.

Fotos: Carol Morena

O respeito às tradições foi apontado como fundamental pelas lideranças indígenas brasileiras, que compartilharam experiências. “Já havia Medicina antes dos europeus chegarem aqui. Estamos abertos ao diálogo e união, levando em conta as especificidades. A visão ocidental vê o ser humano de uma forma fragmentada, um diagnóstico e não uma pessoa”, observou Adana Kambeba, que é estudante de Medicina na UFMG. Ela apresentou casos clínicos ocorridos no território Kambeba, no Amazonas.

Cooperação

A superação dos desafios na atenção primária para populações indígenas pode passar pela cooperação internacional. “Dividimos não só o aprendizado, mas também a visão comum de uma sociedade mais saudável. A cooperação passa por uma agenda global, com eventos desse tipo”, avaliou professora da Universidade de Alberta e especialista em políticas de saúde, Stephanie Montessanti.

Agora, os pesquisadores pretendem articular melhor uma cooperação local e internacional sobre o tema. “Vimos várias culturas e suas visões de saúde. A história é a mesma, com contextos diferentes. Nosso desafio é, a partir do evento, propor formas de ter apoio internacional. Trabalhar em conjunto. A parceria entre a PUC Minas, Ciências Médicas e a Faculdade de Medicina da UFMG é estratégica para isso”, afirmou o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG, Ulysses de Barros Panisset.

Essa articulação pode ser facilitada pela tecnologia, mas não se restringe ao contato virtual. “Hoje temos acesso a internet em nosso território, mas o contato que devemos estabelecer vai além disso. Vou levar a necessidade de cooperação internacional para nossa comunidade de líderes”, disse o pesquisador Blackfoot William Wadsworth. “Já existe a Organização das Nações Unidas. Quem sabe um dia tenhamos a Organização das Nações Indígenas Unidas”, completou.

O encontro foi transmitido pela internet e está disponível no canal do Centro de Tecnologia em Saúde (CETES).

Confira a cobertura completa do simpósio: