Diabetes exige cuidados específicos com os pés

Especialista explica principais cuidados e consequências relacionados ao pé diabético, quadro associado ao diabetes


02 de agosto de 2018


Especialista explica principais cuidados e consequências relacionados ao pé diabético, quadro associado ao diabetes

Nathalia Braz*

O diabetes é uma doença que se caracteriza pelo aumento da glicose no sangue e está aumentando progressivamente no mundo. Nos últimos dez anos, o número de pessoas diagnosticadas com a doença cresceu quase 62%, segundo dados divulgados pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Além de cegueira e alterações renais e pancreáticas, dentre outras, o diabetes pode ter como consequência a neuropatia diabética, que é quando há alteração da sensibilidade dos nervos dos membros inferiores. Caso essa sensibilidade seja perdida, o indivíduo é diagnosticado com o pé diabético.

Quando isso ocorre, a área do meio da canela para baixo, que inclui o pé, se torna insensível com o passar dos anos, fazendo com que o indivíduo não sinta mais aquela região. Um calçado apertado ou uma pedra no seu interior e o atrito entre o pé e a meia podem levar a feridas e inflamações, que costumam se manifestar quando o paciente não sente o incômodo. De acordo com o professor do Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Daniel Baumfeld, quase 90% das pessoas que têm diabetes adquirem, consequentemente, o pé diabético. Ele fala sobre consequências e cuidados associados ao quadro:

 

Foto: pixabay.com

Para evitar as feridas e consequências mais graves, como a amputação dessa região, recomenda-se que o paciente tenha cuidados específicos com o pé: cortar a unha de forma quadrada; não tirar a cutícula nem os cantos da unha; enxugar entre os dedos pelo menos três a quatro vezes por dia; e tirar o calçado a cada duas horas, observando com um espelho a planta do pé. Rever o tipo de calçado e a forma de usar a meia também é fundamental para quem apresenta o quadro, como explica o ortopedista:

 

A amputação do pé pode ser a única solução para casos graves de pé diabético. O Manual do Pé Diabético, divulgado pelo Ministério da Saúde em 2016, indicou que as complicações pelo quadro são responsáveis por 40% a 70% do total de amputações não traumáticas de membros inferiores na população geral, sendo que 85% das amputações desses membros são precedidas de feridas:

 

Classificar o pé diabético é útil para orientar o tratamento, fornecendo uma base de comparação da sua evolução e definindo o risco de complicação, especialmente a amputação dos membros. Segundo Baumfeld, a doença pode ser classificada como pé diabético neuropático, se há somente alteração da sensibilidade dos pés; pé diabético isquêmico, caso haja alteração na circulação do sangue à região; e pé diabético infectado, quando há infecção no local:

 

Daniel Baumfeld é tutor de um projeto que está sendo realizado pela Faculdade de Medicina, que visa conscientizar as pessoas com diabetes dos ambulatórios do Hospital das Clínicas da UFMG. O projeto fará uma medição para saber se o volume de pessoas que têm o pé diabético é maior ou menor do que os indivíduos que não apresentam o quadro.

O objetivo é determinar se os pacientes devem adquirir um calçado com um número maior e outras mudanças possivelmente necessárias. Apesar das consequências limitantes do pé diabético, o paciente deve praticar atividades físicas e/ou esportivas, após se consultar com um especialista para fazer o diagnóstico da sua condição:

 

No último mês, o Saúde com Ciência apresentou a série “Saúde dos Pés”. Nela, foram destaques outros quadros associados aos membros inferiores, como a unha encravada, gota, frieira, calos e bolhas.

Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries de rádio realizadas pelo Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos do material apurado na produção das séries.

*Redação: Nathalia Braz – estagiária de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues