Entre imunologia e ética, a luta por garantia de direitos se destaca na vida de Dirceu Greco

Professor Emérito da UFMG, apresentado no Projeto Pesquisadores, conta como esteve a frente de debates de temas exclusos


13 de novembro de 2018


Professor Emérito da UFMG é personalidade destacada no Projeto Pesquisadores e conta como esteve a frente de debates e tomadas de decisões em temas exclusos  

Professor Emérito da UFMG, Dirceu Greco. Foto: Carol Morena

Professor há quase 40 anos na Faculdade de Medicina da UFMG, Dirceu Greco recebeu o título de Emérito da UFMG pela sua trajetória de destaque dentro e fora da Instituição. O docente, apresentado no Projeto Pesquisadores deste mês, é referência em bioética e imunologia, especialmente HIV/Aids, estando envolvido em inúmeras pesquisas pioneiras nos assuntos tanto na Universidade quanto no país.

Para ele, sua relação com os temas se deu de forma natural, já que a ética, a preocupação com questões sociais e a luta por direitos fizeram parte da criação do professor que atuava com doenças negligenciadas na época em que a epidemia da Aids chegou no Brasil. Para ele, ao mesmo tempo em que a grave epidemia trazia sofrimento aos afetados, retirando vidas inclusive de jovens, também impactou com ganhos secundários, como o respeito ao paciente.

“Tendo o SUS como ponto de referência, a pressão da sociedade civil junto a academia conseguiu um programa nacional de controle da Aids, que se tornou exemplo para outros países”, afirma Greco. “Desde 1996, a lei garante o acesso ao tratamento necessário, além da distribuição de insumos de prevenção e estabelecimento de rede de laboratórios para o diagnóstico. Tudo isto pode servir de exemplo para o enfrentamento de tantos outros agravos prevalentes no Brasil”, continua.

Mas, Dirceu alerta que muitos desses progressos alcançados estão ameaçados: “não só com a aprovação do teto dos gastos (EC 95), a onda conservadora que atingiu o Brasil certamente prejudicará o enfrentamento correto dos ainda prevalentes preconceitos e discriminação”. “Há, inclusive, o risco de culpabilização daqueles e daquelas vivendo com HIV. Deveremos ficar atentos e lutar contra qualquer retrocesso ou agressão aos direitos humanos”, defende.

Além de médico, professor, pesquisador e “resistente”, Dirceu ocupou e ocupa cargos representativos em diversas entidades nacionais e internacionais na sua área de atuação. Hoje, ele dá destaque ao papel de presidente da Sociedade Brasileira de Bioética (2017-2019) e sua atividade como membro do Comitê Internacional de Bioética do Unesco-Paris (2018-2021).

Mas, além disso, para Greco, viver exige movimento constante. Por isso, não o bastante o reconhecimento na carreira profissional e pessoal, ainda carrega a experiência de pilotar avião, e de esquiar, assim como se envolver cada vez mais em questões políticas, na arte e na literatura.

Saiba mais sobre Dirceu Greco e os professores apresentados em outras edições do Projeto no site www.medicina.ufmg.br/projetopesquisadores.

O Projeto Pesquisadores

Com o objetivo de valorizar a produção científica da Faculdade de Medicina da UFMG, o Centro de Pesquisa (CPq) e o Centro de Comunicação Social (CCS) produzem o “Projeto Pesquisadores”.

O projeto traz a cada mês, por meio de áudio e texto, a história de vida e o percurso na ciência de um pesquisador reconhecido pelos seus pares na UFMG, no Brasil e no exterior, com participação nos programas de pós-graduação da Faculdade de Medicina da UFMG.