Estresse é multifatorial e não tem tratamento específico


29 de agosto de 2014


Na 3ª edição do Quiz Temático, Saúde com Ciência tira dúvidas sobre temas variados, dentre eles o estresse no trânsito

saudecomcienciaAo colocarmos um objeto sob tensão – grandeza de força de tração exercida a uma corda por um objeto – em dada exposição por tempo indeterminado, geramos um estresse. A situação, explicada pela física, ajuda a entender o desgaste físico e emocional que somos submetidos diariamente. Trânsito, trabalho, escola, contratempos familiares, problemas de saúde: fatores que contribuem para o surgimento do estresse. Eles, no entanto, não devem ser encarados isoladamente como responsáveis pela condição.

É o que indica o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, João Gabriel Marques, que atua na área de prevenção do estresse. “É uma condição multifatorial. Ele nunca é causado por apenas uma situação”, afirma. Segundo o especialista, fatores externos como trânsito e trabalho contribuem para a manutenção da condição estressante, mas as causas primárias são os fatores internos ligados ao indivíduo. “O que mais determina o estresse são os comportamentos que assumimos no nosso dia-a-dia”, destaca.

Para João Gabriel, a participação do estresse em nossa qualidade de vida é tão marcante, que não se considera mais o aparecimento de qualquer doença sem a presença dessa condição, em maior ou menor grau. “É evidente que pessoas que vivem sob muito estresse por circunstâncias de vida, adoecem muito mais. Além disso, elas também enfrentam mais dificuldades cotidianas”, aponta.

Motoristas estressados

Trânsitos congestionados contribuem para o estresse, mas não causam a condição. Reprodução / Internet.

Trânsitos congestionados contribuem para o estresse, mas não causam a condição. Reprodução / Internet.

Dois fatores são citados pelo professor como fundamentais para explicar o desgaste mental e físico no trânsito. Um deles é o sentimento de pressa em busca do objetivo. “Se você está apressado diante de um engarrafamento, isso com certeza vai engrossar a possibilidade de aumentar o estresse”, comenta João Gabriel Marques. Tal situação pode se tornar um ciclo vicioso: o motorista, já desgastado com o congestionamento, acaba extravasando com ações intempestivas que alimentam ainda mais essa condição.

O outro é ainda mais característico para usuários do transporte público: a proximidade com pessoas desconhecidas em veículos lotados pode gerar mais do que um desconforto físico. “Quando ficamos próximos de alguém que não conhecemos, a situação gera um fator estressante muito importante”, esclarece o especialista. O agravante é que esse tempo tende a ser longo, gerando uma exposição contínua.

Repensar para tratar

Apesar de fazer parte do nosso dia-a-dia, não existe um tratamento específico para o estresse, como é o caso da hipertensão ou pneumonia, por exemplo. “É uma questão ampla, já que engloba os hábitos de vida e comportamentais do paciente. Além disso, há muitas abordagens diferentes, como a física, psíquica, fisioterápica, psicanalítica”, detalha o professor João Gabriel. “Quase sempre o paciente deve repensar suas atitudes cotidianas”.

Tema da semana

Confira a programação e tire suas dúvidas sobre os seguintes assuntos:

Pressão alta – segunda-feira (01/09/2014)

Estresse no trânsito – terça-feira (02/09/2014)

Questões capilares – quarta-feira (03/09/2014)

Dor de barriga – quinta-feira (04/09/2014)

Ressaca – sexta-feira (05/09/2014)

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h05, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 54 emissoras de rádio de Minas Gerais, Paraná e Estados Unidos. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.