Estudo premiado caracteriza população com deficiência auditiva


16 de dezembro de 2014


 *Matéria publicada na edição 42 do Saúde Informa

Pesquisa realizada em Betim busca conhecer usuários do serviço para propor melhorias

Débora Jardim e a orientadora, Stela Maris.

Débora Jardim e a orientadora, Stela Maris.

Conhecer os dados epidemiológicos dos usuários de serviços de saúde é o primeiro passo para o planejamento e processo de tomadas de decisões adequadas à saúde da população.

Pensando nisso, a aluna da primeira turma do mestrado em Ciências Fonoaudiológicas da Faculdade de Medicina da UFMG, Débora Soares Jardim, com orientação da professora Stela Maris Aguiar Lemos do Departamento de Fonoaudiologia, desenvolveu seu projeto de mestrado, que teve como objetivo caracterizar o perfil epidemiológico da população com deficiência auditiva, atendida em um serviço público de Minas Gerais, quanto a aspectos sociodemográficos, clínicos, assistenciais e comunicativos.

A autora explica que, desde 2004, o Ministério da Saúde assegura a assistência à pessoa com deficiência auditiva por meio dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva. Débora, atualmente, é responsável técnica da Junta de Saúde Auditiva Microrregional (JSAM), em Betim, e participou do processo de construção do serviço, baseado na Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva.

A pesquisa
O estudo, intitulado “Perfil Epidemiológico e uma população com deficiência auditiva atendida em uma junta de saúde auditiva microrregional”, foi realizado com base em dados secundários dos registros de um Serviço de Saúde Auditiva, no período de maio 2009 a maio 2011.

Foram utilizados os protocolos de avaliação para autorização da concessão de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI). No total, Débora analisou 307 prontuários de usuários, com idades variando entre dois e 95 anos. Os dados são da JSAM.

Conclusões
Durante a pesquisa foi avaliado que o tempo de espera predominante para avaliação da autorização de AASI foi de zero a três meses. Já o tempo entre e a avaliação e o agendamento no Serviço de Atenção à Saúde Auditiva foi de três a seis meses.

Segundo Débora, também foi concluído, no estudo, que a maior proporção de pacientes é de idosos acima de 60 anos com diagnóstico de presbiacusia, perda auditiva neurossensorial e grau moderado, geralmente associada ao envelhecimento. Os pacientes se mostraram motivados para o início da reabilitação auditiva no momento da avaliação.

A profissional afirma que a partir desses resultados é possível propor medidas como a intervenção para o diagnóstico precoce da perda auditiva na população idosa e ações preventivas de deficiência auditiva na Atenção Primária em todas as faixas etárias, com a realização da Triagem Auditiva Neonatal e ações voltadas para a comunidade, com esclarecimentos de fatores de risco e sintomas da presença da deficiência.

Para a autora, é extremamente importante conhecer a população deficiente auditiva para proporcionar melhor qualidade de atendimento, resultados e benefícios para as pessoas atendidas. “Pesquisas nessa área em Betim são escassas, e estudar esses dados ajuda o gestor a definir metas e planejamentos para a saúde da população na região e no âmbito nacional”, relata Débora.

Congresso Brasileiro
O estudo foi apresentado no 22º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, realizado em outubro, em Santa Catarina, e premiado na área de Saúde Coletiva. Débora contou que ficou feliz com a premiação: “É muito gratificante saber que doutores da Fonoaudiologia leram e avaliaram o trabalho como de qualidade e merecedor do prêmio. É uma honra poder representar o município de Betim e a Universidade Federal de Minas Gerais. Isso é fruto do resultado de muito trabalho no município e no mestrado”. A Faculdade de Medicina da UFMG teve ainda outros três trabalhos premiados nas áreas de Voz, Ensino em Fonoaudiologia e Motricidade Orofacial.

Título: Perfil Epidemiológico de uma população com deficiência auditiva atendida em uma junta de saúde auditiva microrregional
Nível: Mestrado
Autora: Débora Soares Jardim
Orientadora: Stela Maris Aguiar Lemos
Programa: Ciências Fonoaudiologicas da Faculdade de Medicina da UFMG
Defesa: 10 de dezembro de 2014