Estudo revela que 1 em cada 3 professores no Brasil percebe limitação no trabalho por problema de voz

Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG aponta distúrbio vocal como principal fator para ausência ao trabalho dos professores. Prevalência do relato de ruído intenso nas escolas entre os participantes também chama a atenção.


14 de dezembro de 2020


Os educadores brasileiros estão expostos a condições de trabalho inapropriadas. É o que a fonoaudióloga Bárbara Antunes Rezende constatou em sua tese defendida na Faculdade de Medicina da UFMG. Isso porque, a partir da amostra de 6.510 professores que participaram da pesquisa Educatel Brasil, ela encontrou 33% que relataram prevalência de ruído elevado nas escolas no Brasil e 1 em cada 3 professores que relatou limitação no trabalho por distúrbios vocais.

Seu trabalho ainda permite o aprendizado dos fatores associados a esses achados. A percepção de limitação das atividades docentes devido ao distúrbio da voz, por exemplo, foi mais frequente por docentes que usavam medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos; perdiam o sono por preocupações; que relataram alta exigência no trabalho e presença de violência verbal praticada pelos alunos. Além disso, a pesquisa apontou que os professores da região Norte e Nordeste do país têm mais chance de relatar limitação no trabalho por problemas na voz, comparados aos educadores da região Sudeste.

A prevalência de ruído intenso nas escolas brasileiras também mostra outro dado que merece atenção. O barulho intenso foi mais percebido por educadores que trabalhavam em escolas localizadas na região urbana; escolas com mais de 30 professores; por profissionais que trabalhavam com mais de uma etapa de ensino e que relataram piores condições organizacionais do trabalho como ter sofrido violência verbal pelos alunos e trabalhar sob alto nível de exigência.

“Os resultados da tese trouxeram maior esclarecimento sobre as condições de trabalho e as limitações que os problemas de voz podem acarretar na prática docente. Desta forma, o adoecimento não deve ser analisado apenas no aspecto individual, sendo necessário reforçar a ideia das questões do contexto social e do trabalho. É importante pensarmos em estratégias para redução e conscientização do ruído nas escolas, além da construção de projetos arquitetônicos ou reforma nas instituições de ensino, por exemplo”, aponta Bárbara Antunes Rezende.

Ela ainda argumenta que “estudar a saúde e condição de trabalho dos professores é importante, pois o adoecimento dessa categoria traz impactos negativos nas relações interpessoais, no desempenho profissional, além do absenteísmo”.

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