Evento discute sobrecarga e autocuidado na maternidade

Cuidados desejados pela comunidade acadêmica foram debatidos na semana do dia das mães.


12 de maio de 2023 - ,


Foto: CCS/Faculdade de Medicina da UFMG.

O evento “E das mães, quem cuida?”, promovido pela diretoria da Faculdade de Medicina da UFMG, debateu as necessidades das mães da comunidade acadêmica da Universidade. A conversa abordou redes de apoio, autocuidado e sobrecarga na maternidade e foi realizado nesta quinta-feira, 11 de maio.

A roda de conversa contou com a participação da diretora da unidade, Alamanda Kfoury; da vice-diretora, Cristina Alvim; e de Marcus Vinícius, professor do Departamento de Clínicas Médicas (CLM); Marcela Dantas, Técnica Administrativa do Centro de Relações Internacionais (Crinter); Regina Aguiar, professora aposentada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia (GOB) e Elis Borde, professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS). 

A provocação inicial foi feita pela professora Alamanda a partir do tema. “A gente sabe que as mães estão sempre cuidando e pensando em cuidar de alguém. Isso a todo momento, sem descansar. Mas então temos que nos perguntar: no final das contas, e das mães, quem cuida?”, questiona. 

A professora Cristina apresentou a mesa, que era composta por mães e pessoas que cuidam de mães. Ao ler as frases enviadas anonimamente para o evento, falou sobre como os desejos das mães giraram em torno de uma sobrecarga. “A sobrecarga que a gente tem, muitas vezes, é porque os homens não exercem totalmente o papel de paternidade deles. Precisa ficar claro que quando estão fazendo suas tarefas em casa ou com os filhos, eles não estão nos ajudando, mas sim fazendo o papel que é sua responsabilidade também”, afirma.

A jornada dupla de trabalho e falta de espaço kids ou de amamentação em ambientes acadêmicos foi criticada pela professora Elis, que sem rede de apoio cuida de dois filhos. “A desigualdade de gênero precisa ser trazida para discussão. Amo ser mãe, professora e cientista. Não quero ter que escolher somente um desses caminhos”, aponta.

A professora Regina falou sobre formas de maternidade alternativa e a culpa constante durante o cuidado com o outro. “Hoje eu vivo a maternidade inversa, cuido da minha mãe com dificuldade de locomoção. Hoje é a primeira vez que saio de casa e deixo ela sozinha nas últimas semanas e é muito bom ver que o mundo continua”, desabafa. 

Voltando ao questionamento inicial, Marcela falou que,inicialmente, pensava que apenas mães cuidassem de mães. “Durante o processo de amamentação, no primeiro dia de aula e em outros perrengues da maternidade, pensava que só mães cuidavam de mães. Mas depois percebi que não se resume a isso, e não tem que se resumir. Todo mundo com sensibilidade e empatia vai cuidar também. Quem tem coração de mãe é quem cuida de mãe”, declara.

Participaram do evento pessoas de diversos setores da Faculdade. A discussão do público se voltou para olhar para mães como mulheres, além de cuidadoras de seus filhos. 

O professor Marcus Vinícius finalizou falando sobre a importância do autocuidado para mães idosas. Falando da mãe que cuida do esposo e coloca as necessidades dele acima das dela própria, Marcus pontuou como às vezes o próprio ato de pedir ajuda já se torna algo cansativo por precisar ser repetitivo. “Além de ser um bom ouvinte para as reclamações que elas possam ter em relação à maternidade, é importante que você seja proativo ao conviver com uma mãe. Não pergunte o que ela está precisando: simplesmente vá lá e faça”, provoca.

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