Faculdade de Medicina promove exposição sobre aleitamento materno

Esculturas do acervo do Departamento de Pediatria e reproduções de pinturas abordam a relação humana com a amamentação na história.


23 de agosto de 2022 - , , ,


Para marcar o Mês do Aleitamento Materno no Brasil, a Faculdade Medicina da UFMG realizará a exposição “Amamentação, esboço da vida: uma visão artística do aleitamento materno”, entre os dias 22 e 31 de agosto. Fazem parte da exposição esculturas do acervo do Departamento de Pediatria (PED) e imagens de pinturas de domínio público, de diversos autores, que retratam o aleitamento ao longo da história por um olhar artístico. 

O material está exposto no hall de entrada e no corredor do Centro de Memória (Cememor). As peças foram escolhidas e organizadas pelos professores do PED Maria Albertina Santiago Rego e Edison Corrêa.

São cerca de 50 pinturas que perpassam a idade antiga, passando pela idade média, o renascimento e o período barroco, até a idade moderna e contemporânea. O evento é uma parceria entre o PED, o Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), o Centro de Comunicação Social (CCS) e o Cememor. O acervo de pinturas contou com a contribuição do professor de História da Arte da UFMG, Moacyr Laterza, falecido em 2004.

A professora Albertina Santiago explica que a visão científica é robusta no entendimento de que o leite materno é um alimento essencial na vida das crianças, com a prática sendo desenvolvida há 3 milhões de anos. “A prática do aleitamento varia nas regiões do mundo e a época do desmame também, associado aos comportamentos da sociedade e estilos de vida individuais, reforçados pelas nossas experiências de vida”, comenta a professora.

“A exposição de esculturas e pinturas explora o aleitamento materno a partir dos sentidos, em seus aspectos complexos e multifacetados, da representação artística-estética do ato de amamentar ao longo da história por grandes artistas, muito referenciados na contemporaneidade”

Em cada período, o ato de amamentar, a mulher e a criança são representadas de maneiras singulares. Albertina sugere a observação da composição, da expressão da mãe, da expressão da criança e a espontaneidade do ato de amamentar em cada peça.

Essa é a segunda exposição do acervo, sendo a primeira realizada em 2016.

Aleitamento

Escultura que compõe a exposição. Imagem: Faculdade de Medicina da UFMG.

A professora explica que a nutrição modifica a expressão gênica, por meio de alterações bioquímicas no nível molecular, por exemplo, na metilação do DNA, conforme estudos da epigenética. “Portanto, o leite materno tem uma função chamada nutrigenômica. O leite materno é o fator protetor mais relevante para o desenvolvimento das potencialidades de vida da criança, quando considerado isoladamente. Desde os anos 70 que os estudos (primeiro observacionais e depois no nível da biologia molecular) vem nos evidenciado a origem precoce dos eventos crônicos futuros na vida do ser humano”, explica. 

O que garante a função de ação protetora ao leite materno é a composição, rica em proteínas, lipídeos e carboidratos, mas principalmente no perfil bioquímico e na interação entre micro e macronutrientes. “Microbiota, microbioma, HMOs, micro RNAs, são substâncias singulares e específicas produzidas dessa interação. Essas características, compondo a função nutrigenômica, tem ação de proteção ao longo da vida, reduzindo o risco de desenvolvimento de eventos crônicos, como síndrome metabólica, caracterizada por obesidade, diabetes, eventos cardiocirculatórios, com manifestações em órgãos vitais”, completa.

Benefícios diretos da amamentação: reduz risco de infecções nas crianças e reduz, ao longo da vida, riscos de eventos crônicos (síndrome metabólica). Na mãe, reduz risco de carcinoma mamário e ovariano.