Faculdade de Medicina sedia INCT com foco em neurotecnologia responsável

Implementação do conceito de Pesquisa e Inovação Responsáveis envolve governo, sociedade civil e empresas para aumentar a transparência e divulgação da ciência.


01 de dezembro de 2022 - , , ,


Foto: Arquivo CTMM/Faculdade de Medicina.

A Faculdade de Medicina da UFMG, por meio do Centro de Tecnologia em Medicina Molecular (CTMM), irá sediar um novo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou os 48 proponentes selecionados no resultado preliminar da chamada Nº 58/2022 esta semana.

O INCT em Neurotecnologia Responsável (INCT-NeurotecR) terá como principal objetivo analisar, desenvolver e implementar uma plataforma de pesquisa e inovação responsável, visando antecipar e enfrentar os desafios éticos, legais e sociais levantados por novas neurotecnologias. 

Atualmente, 20 subprojetos de diferentes áreas e fases de desenvolvimento serão contemplados. Eles criarão comitês para promover o engajamento público, a ciência aberta, a equidade de gênero e raça, a educação científica, a ética e a governança participativa e antecipatória. Serão envolvidos diversos atores sociais, como pesquisadores, cidadãos, decisores políticos, empresas e organizações do terceiro setor. 

O professor do Departamento de Saúde Mental, Marco Aurélio Romano, coordena o projeto. Ele destaca que o conceito de Pesquisa e Inovação Responsáveis está surgindo na Europa. “O campo ainda é embrionário e, mesmo na Europa, há dificuldades em implementar os conceitos entre pesquisadores. Nosso projeto é pioneiro no Brasil e nosso objetivo é envolver a sociedade como um todo na ciência, de forma a atribuir mais direitos e mais responsabilidades para todos, com voz ativa”, afirma. 

Para saber mais sobre Pesquisa e Inovação Responsáveis, acesse o site do RRI Tools.

Ele lembra um momento histórico em que a condução ética da ciência foi questionada: o Projeto Manhattan, que produziu as primeiras bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial. “Acredito que a pandemia de covid-19 também é um exemplo de como devemos educar e envolver a população para os temas da ciência. A resistência e a politização das vacinas e o uso de medicamentos indevidos, por exemplo, poderiam ter sido menores caso a população entendesse mais sobre como são feitas as pesquisas”, comenta. 

Entre os projetos contemplados do novo INCT-NeurotecR estão iniciativas com modelo animal, optogenética, neurodesenvolvimento infantil e demência entre idosos, entre outras. Foram concedidos R$5 milhões pelo CNPq, para um prazo inicial de cinco anos.

Na visão do professor Marco Aurélio Romano, as universidades envolvidas têm muito a ganhar. “Da maneira que pensamos a iniciativa, todos temos muito a ganhar. Haverá incentivo para novos pesquisadores de pós-graduação e graduação, interseção entre áreas do conhecimento como física, arquitetura, comunicação e medicina, além de maior participação social”, completa.

As instituições de ensino colaboradoras da UFMG são: Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Pará (UFPA), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (CMMG), Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte (IEP-SCBH), National Institute of Mental Health and Neuro Sciences (NIMHAN, Índia) e Australian National University (ANU, Austrália). 

Além das universidades, estão envolvidas as empresas Anamê, Ampla e Addhere; o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) da UFMG, como laboratório associado; e os parceiros Metacognitiv e Instituto Hermes Pardini. 

A Faculdade de Medicina já sediou outro INCT, entre os anos de 2008 e 2016. O CTMM é fruto desse financiamento e, hoje, está ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG. O Centro realiza pesquisas sobre marcadores moleculares para doenças, o que envolve diagnóstico de câncer, por exemplo.

Outros projetos da UFMG foram aprovados na chamada do CNPq, sendo três do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), com os professores Erna Kroon, Geraldo Wilson Fernandes e Robson Santos à frente das proposições. Nenhuma outra instituição aprovou mais de quatro propostas, colocando a UFMG em lugar de destaque.