Hipertensão arterial também atinge crianças


26 de abril de 2013


A hipertensão arterial, também conhecida como “pressão alta”, não é uma doença exclusiva da população adulta. O aumento da pressão sanguínea também tem se tornado muito frequente nos pequenos. A explicação está relacionada, na maior parte das vezes, com o estilo de vida contemporâneo, que reúne sedentarismo e alto consumo de alimentos industrializados.

Ilustração: Carina Cardoso

Nos dias atuais, é cada vez mais difícil ver crianças brincando de pega-pega, pique-esconde ou queimada nas ruas dos bairros. A cena nostálgica evidencia um fenômeno comum das sociedades atuais: aparelhos tecnológicos como a televisão e o computador ganham a disputa pela atenção da meninada. Fato que tem contribuído para o aumento de crianças sedentárias e, consequentemente, com doenças como diabetes e hipertensão. “O aumento da violência é outro motivo que impede que as crianças saiam na rua para brincarem. Assim, elas se exercitam menos e ficam mais suscetíveis a essas doenças”, afirma o nefrologista e professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, Sérgio Veloso.

Outros fatores como o estresse e o alto consumo de alimentos como pão, refrigerantes e salgadinhos, também são vilões quando o assunto é a prevenção da pressão alta. Segundo o professor, esses fatores, quando agregados aos genéticos, aumentam ainda mais o risco do desenvolvimento da doença. “Esses alimentos possuem alta quantidade de sódio e o consumo vem sendo intensificado com as campanhas de marketing”, alerta Veloso.

E o perigo mora, muitas vezes, dentro de casa. Por estarem sujeitas ao mesmo ambiente da família, as crianças normalmente seguem os hábitos alimentares dos pais. “Se os responsáveis não tiverem hábitos saudáveis, não irão repassá-los para os pequenos”, diz Sérgio Veloso. De acordo com ele, algumas escolas também criam condições de risco ao servirem refeições ricas em carboidratos. “Há alguns anos, as escolas públicas serviam pratos como o macarrão com o objetivo de prevenir a desnutrição. Contudo, algumas escolas ainda continuam a servir essas refeições, o que pode contribuir para o desenvolvimento da hipertensão”, completa.

Já nos bebês, a maioria dos casos de hipertensão vem de fatores secundários, isto é, em consequência de outros males, como estreitamento da aorta, ou a inflamação dos rins. Bebês que nascem abaixo do peso, prematuros ou que não foram amamentados também estão entre os indivíduos que podem apresentar hipertensão no futuro.

Prevenção

Um dos passos para a identificação dos pacientes de risco é incluir como exame de rotina a medida da pressão arterial. Em crianças com mais de três anos a medida precisa ser feita anualmente. Já para os bebês que ainda não atingiram essa faixa etária, apenas uma medição a partir do nascimento é suficiente.

O esfigmomanômetro é o aparelho adequado para realizar esse tipo de medida. Entretanto, é necessário que ele se ajuste ao braço dos pequenos para que o diagnóstico seja feito corretamente. Uma criança hipertensa estará mais propensa a ter um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. “Os pais e médicos precisam ficar atentos e mantê-las sob controle desde cedo”, ressalta o professor.

Outra ação a ser iniciada e mantida é a mudança no estilo de vida. Como forma de prevenção e tratamento, o combate ao sedentarismo e a reeducação alimentar devem fazer parte da vida diária das crianças. “Incluir atividade física no dia a dia e alimentos saudáveis, além de retirar o excesso de sal nas refeições, é um passo importante para manter a pressão arterial no nível adequado”, recomenda Sérgio.

A orientação é por uma alimentação rica em vegetais, com frutas variadas e com proteínas e carboidratos em proporções adequadas à idade, peso e altura. O professor também aconselha a substituição do videogame ou televisão por outras atividades. “O ideal é muitas frutas e verduras, poucas guloseimas e alimentos industrializados e a prática de atividade física uma hora por dia”, conclui.