Implante de silicone nos seios exige escolhas criteriosas

Professor da UFMG fala sobre importância das escolhas do cirurgião plástico, fabricante e tamanho das próteses de silicone


08 de outubro de 2018


Especialista fala sobre a importância das escolhas do cirurgião plástico, fabricante e tamanho das próteses de silicone. “Procedimentos Cirúrgicos e Estéticos” é a nova série do Saúde com Ciência

Nathalia Braz*

O implante de silicone nos seios foi a segunda cirurgia plástica mais realizada no Brasil, atrás somente da lipoaspiração, em 2015. Foram realizados quase 159 mil procedimentos, segundo dados divulgados no ano seguinte pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética. Quando uma pessoa decide colocar próteses de silicone nos seios, escolhas cuidadosas do profissional, fabricante e tamanho dessas próteses são fundamentais, evitando possíveis riscos durante e após o procedimento.

Primeiramente, é recomendável verificar se o profissional a realizá-lo está habilitado como cirurgião plástico no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Este pode orientar o paciente no processo de escolha da prótese pelo fabricante. “Normalmente, os fabricantes trabalham de duas formas: ou a pessoa se cadastra no site do fornecedor daquela prótese e eles dão o aceite, uma troca de e-mails que tem valor legal; ou eles dão um certificado impresso de garantia vitalícia, em que se coloca o nome do paciente”, explica o professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Paulo Roberto da Costa. Cada prótese tem um número de série e o lote de fabricação e, a partir desses dados, paciente e fabricante têm o controle dela.

Outra escolha importante nesse processo é o modelo de silicone, já que uma eventual troca só poderia ser feita em outro procedimento cirúrgico. Paulo Roberto da Costa cita dois métodos que podem ajudar nessa decisão: o paciente se colocar diante de um espelho com um exemplo do modelo à sua escolha em um sutiã bege; ou pedir a outra pessoa com o mesmo biotipo que já tenha feito o implante de silicone mostrar o resultado. O que se avalia é o tamanho da mama em relação à largura do ombro.

Foto: freepik.com

O indivíduo também pode escolher se prefere que a prótese seja entregue em casa ou diretamente no hospital, para não haver risco de esquecê-la ou perdê-la até o dia da cirurgia. Sobre a necessidade de troca da prótese após um tempo determinado, o professor observa: “Há cerca de oito anos, os fabricantes têm afirmado que devido a uma tecnologia diferente no processo de fabricação, as próteses não precisarão mais ser trocadas e serão vitalícias”. A troca era feita, em média, de dez a 15 anos. Como as primeiras próteses com essa nova tecnologia foram fabricadas a oito, Paulo Roberto indica que os profissionais devem aguardar mais uns dois anos, somando-se dez, para se obter uma resposta definitiva.

Existem três formas de colocação das próteses de silicone nos seios: pela técnica periareolar, pela região axilar e pelo sulco inframamário. A primeira utiliza a circunferência inferior da aréola da mama, onde fica a parte mais escura do seio. Nela, de acordo com o professor, há risco de perda de sensibilidade, inclusive erógena. Como a axila está mais distante da parte central da mama, a via axilar pode ter outros riscos, como uma assimetria entre as próteses ou mesmo hemorragia. Paulo Roberto indica a técnica pelo sulco inframamário, que fica entre a dobra da mama e o início do abdome.

Possíveis consequências

No pós-operatório, recomenda-se dormir de barriga para cima por pelo menos um mês após a cirurgia. Isso ajuda a evitar uma assimetria entre as mamas esquerda e direita, com tamanhos ou posições diferentes devido a processos cicatriciais distintos. “Todo corpo estranho (e a prótese de silicone é um corpo estranho, ainda que absolutamente compatível) gera em torno de si um processo cicatricial. No caso, é uma cicatriz interna, ao redor da prótese. Então, é uma camada fibrosa que envolve essa prótese e existe em todos os casos. É fisiológico, só que em algumas pessoas, por vários motivos, essa cicatrização é mais exuberante e pode apertar a mama”, acrescenta o professor Paulo Roberto.

Essa contração capsular pode gerar dor, assimetria das mamas e até deformidade da prótese. Após o implante de silicone nos seios, outra possível consequência que pode acometer o paciente, esta mais grave, é a infecção da mama, o que determina a retirada da prótese. O especialista indica o seguinte controle: nos primeiros 15 dias após a cirurgia, dois retornos ao cirurgião plástico, mais uma consulta no trigésimo dia e, a partir daí, um encontro mensal até dois anos.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Nathalia Braz – estagiária de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues