Jeito de cuidar é o maior desafio do SUS

Marcos Vinicius, aluno da Medicina, Helvécio Magalhães e o diretor Tarcizo Nunes.

Não é fácil ousar fazer um sistema universal público em um país com mais de 200 milhões de habitantes. Essa é a explicação para os desafios enfrentados atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o médico Helvécio Magalhães Júnior, conferencista do eixo transversal em “Uma visão panorâmica na construção do SUS”, palestra presidida pelo diretor da Faculdade de Medicina da UFMG professor Tarcizo Afonso Nunes.

“O jeito de cuidar, em toda a sua dimensão, é o maior desafio do Sistema Único de Saúde. A nossa missão é essa: cuidar. Se não for para isso, não precisa ter o Sistema e nem outras políticas públicas que defendem melhor qualidade de vida, por exemplo.”, afirma Helvécio. Ele ainda conta que isso não pode se burocratizar como é feito hoje, mas é uma realidade difícil de ser alterada. “Não há uma receita para essa mudança tanto na atenção básica, na urgência e na continuidade do cuidado. Mas há muitas inciativas bacanas pelo país todo”, continuou.

O conferencista ressaltou também a prioridade de investimento na saúde básica. “A formação de médicos especialistas na saúde da família tem que ser a aposta central do SUS. Porque, assim, mudaremos por dentro o jeito de organizar o Sistema”, defendeu. “O modo de cuidado e a performance da rede com esse olhar pode fazer a diferença na preservação da vida, na redução de sequelas e, portanto, possibilitar a Saúde a dar mais felicidades para as pessoas”, completou.

Outros desafios
De acordo com Helvécio o segundo desafio é a questão das pessoas, sendo preciso que as mudanças ocorram desde a graduação de todos os profissionais de Saúde. Ele endossa a necessidade de batalhar conjuntamente com os políticos e gestores para uma formação de qualidade e voltada para a saúde da família, já que as universidades são públicas e devem servir à população.

Na hierarquização, o último dos problemas apontados foi o recurso. Helvécio Júnior reconhece que o financiamento é escasso e que a atenção básica é a mais eficiente, embora não seja barata. “Dinheiro da Saúde é imposto. Mas nós temos um espaço fiscal muito limitado”, disse o médico. Ele ainda conta que com duas vezes mais recursos, o SUS sairia da página negativa, referindo-se às críticas dos usuários.

Nessa questão, o professor da Faculdade de Medicina, Unaí Tupinambás aproveitou a oportunidade de participação da plateia para acrescentar uma reflexão. “Não se sabe qual é a montante que o governo deixa de arrecadar com o incentivo fiscal da Saúde suplementar. Será que se parássemos com esse incentivo, isso não daria para acumular os 50 milhões que estamos pedindo agora?”, pontuou.

Legado do SUS
“Sem nenhum ufanismo ou idealização, temos que reconhecer que o SUS já tem um legado. Esse é um produto de milhões de trabalhadores. Foi esse engenho complexo e difícil que possibilitou ganhos significativos para a população brasileira”, afirma Helvécio.

Entre os resultados, ele aponta o fato do sistema público de Saúde ser constitucionalizado, garantindo o direito aos cidadãos. “É claro que estamos discutindo melhorias depois desses 10 anos, mas isso o SUS já resultou para milhões de brasileiros mais chances de viver. Basta fazer as contas de quantas crianças salvamos em todos esses anos de existência”, apontou.

3º Congresso
A programação do 3º Congresso Nacional da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG reúne sete conferências, mais de 10 palestras e 40 mesas-redondas em torno do tema “Cenários da Saúde na Contemporaneidade”.

O Congresso vai até 5 de setembro, com atividades de 8h às 18h, diariamente, divididas em oito eixos temáticos. O Congresso conta ainda com programação cultural, com exibição de filmes, exposições, lançamento de livros e apresentações ao longo da programação.

A Secretaria executiva do 3º Congresso Nacional da Faculdade de Medicina da UFMG atende na sala Oswaldo Costa, 21, térreo da Unidade.

Acesse a programação completa.

Acesse a página eletrônica do 3º Congresso Nacional de Saúde.

Mais informações: 3409 9105 ou 3409 8055, ou ainda pelo e-mail 3congresso@medicina.ufmg.br