Leptospirose: entenda prevalência, transmissão e tratamento

Rato de esgoto é principal agente transmissor da doença, mais prevalente em áreas com saneamento básico precário


31 de maio de 2018


Rato de esgoto é principal agente transmissor da doença, mais prevalente em áreas com saneamento básico precário. 10% dos casos são fatais

Warlen Valadares*

A leptospirose é uma doença infecciosa aguda, potencialmente grave, causada por uma bactéria do gênero Leptospira. Em geral, ela é mais prevalente em áreas com menores índices de desenvolvimento socioeconômico e saneamento básico precário. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 4 mil casos de leptospirose são confirmados por ano no Brasil. A infectologista e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Regina Lunardi, aponta que, apesar de a maioria dos casos ser leve, cerca de 10% evoluem para óbito:

 

De acordo com Regina, o rato de esgoto é o principal agente transmissor da doença. A bactéria também pode ser transmitida ao homem por meio do contato direto com a urina de outros animais infectados, como bois, porcos, cavalos e cães. A professora também lembra que o risco de infecção e ocorrência de surtos de leptospirose é maior na estação das chuvas, principalmente após inundações:

 

Foto: pixabay.com

Após o contato com a água ou urina contaminada, a bactéria penetra na pele e pode chegar à corrente sanguínea. Em Belo Horizonte, Regina Lunardi relata um caso ocorrido há alguns anos e destaca que, em caso de exposição prolongada, até mesmo a pele íntegra, sem ferimentos, permite a entrada da Leptospira no organismo:

 

O período de incubação da leptospirose dura, em média, de cinco a 14 dias. Em alguns casos, a doença pode ser assintomática. Quando ocorrem, os sintomas podem ser confundidos com sinais da gripe ou dengue, como febre, mal-estar, dores de cabeça e muscular. A infectologista explica quando o indivíduo deve suspeitar de leptospirose:

 

Os sintomas, em geral, desaparecem após três ou quatro dias da manifestação da leptospirose. Dependendo do caso, porém, ela pode evoluir para a Síndrome de Weil, forma grave da doença. O indivíduo, então, pode apresentar icterícia, complicações renais e hemorragias internas. Nessa fase, as taxas de mortalidade são elevadas:

 

O diagnóstico da doença é, geralmente, clínico. Por apresentar sintomas semelhantes à gripe, dengue, malária e hepatite, o diagnóstico diferencial para confirmação do quadro é feito por sorologia, através de exames de sangue. Nas fases precoces, antibióticos, como a amoxilina, são usados para o tratamento da doença. Já casos mais graves exigem a internação do paciente, como resume Regina Lunardi:

 

Realizar obras de saneamento básico, principalmente galerias de esgoto e escoamento de água pluvial; não acumular lixo e evitar o contato com água de chuva; desinfetar com água sanitária objetos e locais atingidos por enchentes, usando botas e luvas de borracha durante a limpeza; vacinar os cães e controlar a população de roedores são as principais formas de prevenção da leptospirose.

A leishmaniose é outra zoonose comum em áreas com saneamento básico precário e baixos índices de desenvolvimento socioeconômico. A doença foi tema da série “Leishmaniose Visceral”, veiculada pelo programa de rádio Saúde com Ciência entre os dias 30 de abril e 4 de maio deste ano.

Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries de rádio realizadas pelo Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos do material apurado na produção das séries.

*Redação: Warlen Valadares – estagiário de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues