Mortalidade materna: principais causas e estratégia de combate no país

Especialista fala sobre causas dos óbitos maternos e ações contra a hemorragia pós-parto.


11 de janeiro de 2018


Especialista da UFMG fala sobre complexidade da mortalidade materna, suas principais causas e conjunto de ações contra a hemorragia pós-parto

Warlen Valadares*

Nas últimas décadas, o Brasil reduziu a taxa de mortalidade materna de 143 para 60 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos, segundo dados do Ministério da Saúde. Porém, o país não atingiu a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) nos Objetivos do Milênio, que era diminuir a mortalidade para 35 a cada 100 mil nascimentos.

Dificuldade de acesso aos serviços de saúde no pré-natal e no parto, estrutura precária da rede pública em determinadas regiões e falta de informação das gestantes sobre os riscos da gravidez são fatores que contribuem para essa estatística. O professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Gabriel Osanan, destaca a complexidade do quadro, que está relacionado a questões socioeconômicas:

 

A relação entre mortalidade materna e desigualdade no acesso à saúde, com o foco na população negra, foi destaque do programa de quarta-feira da série “Saúde da População Negra”, produzida pelo Saúde com Ciência. Gabriel Osanan aponta as principais causas de óbito materno no Brasil e observa que em Minas Gerais, estado em que ele atua, o cenário difere da média nacional:

 

Estratégia contra hemorragia pós-parto

Neste contexto, Minas Gerais e outros sete estados – Ceará, Tocantins, Maranhão, Bahia, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul – foram selecionados para um projeto que visa erradicar a mortalidade materna por hemorragia no pós-parto, como acrescenta o professor:

 

Uma das principais medidas adotadas pela estratégia, iniciada em 2014, é a capacitação dos profissionais da saúde envolvidos na assistência à gestante. São realizadas oficinas teóricas e práticas sobre técnicas de prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia pós-parto. Osanan ressalta a participação da UFMG no conjunto de ações:

 

O professor ministra essas oficinas de treinamento no norte de Minas e em outros estados. O projeto prevê ainda a melhoria da estrutura da rede pública de saúde em áreas remotas e a realização de campanhas de conscientização sobre os riscos e possíveis complicações da gravidez.

Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries de rádio realizadas pelo Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos do material apurado na produção das séries.

A série “Saúde da População Negra” foi ao ar entre os dias 1 e 5 deste mês. Além da mortalidade materna, foram destaques o racismo institucional e doenças mais prevalentes na população negra, como a anemia falciforme e o diabetes.

*Edição: Lucas Rodrigues