O beijo amargo da mononucleose infecciosa
08 de maio de 2013
Grande mecanismo de transmissão da doença é o contato íntimo com a saliva.
Ela é conhecida como a doença do beijo. O Epstein-Barr vírus, ou EBV, que tem esse nome para homenagear os pesquisadores que o descobriram, é o agente causador e, uma vez adquirido, ele permanece latente no organismo do indivíduo. Desta forma, a mononucleose pode ser transmitida tanto na sua fase sintomática como na assintomática.
De acordo com a infectologista Marise Fonseca, professora da Faculdade de Medicina da UFMG, o vírus é mundialmente disseminado, sobretudo nas populações mais carentes, que em geral são acometidas de forma precoce. “Já nas localidades onde há uma situação econômica melhor, o vírus é mais frequente entre adolescentes e adultos”, acrescenta.
Apesar de a doença não gerar sintomas específicos, é comum que o indivíduo sinta febre, mal-estar, dores na garganta e no abdômen, podendo haver ainda aumento do fígado, do baço ou dos gânglios, principalmente na região cervical. “Às vezes a mononucleose é confundida com a amigdalite bacteriana, porque ela pode se manifestar por meio de uma plaquinha cobrindo as amígdalas”, revela a infectologista.
A doença desencadeia uma resposta imune, já que o vírus se aloja especialmente nos linfócitos B, que são células responsáveis pela produção de anticorpos. Marise Fonseca afirma que a grande maioria dos quadros é benigna, mas os sintomas da infecção aguda podem durar por mais de um mês. “A gente chama isso de síndrome da fadiga crônica e, em geral, os sintomas passam, apesar de o vírus permanecer latente.” O EBV também é relacionado ao desenvolvimento de doenças neoplasmas, neurológicas e renais, mas a professora garante que essas manifestações são menos frequentes.
Normalmente, o vírus se manifesta clinicamente em um período de 4 a 7 semanas após o contágio, lembrando que, em algumas pessoas, isso não ocorre. “O cuidado deve ser redobrado em festas, Carnaval, porque hoje em dia os meninos contam quem beijou mais”, observa a professora. Em casos mais raros, a transmissão da doença ocorre por via sanguínea.
Para diagnosticar a mononucleose infecciosa, os exames clínico e físico, seguindo as pistas das alterações encontradas, e o laboratorial, feito através da sorologia, são recomendados pela professora. E sobre o tratamento, Marise Fonseca pondera que não há nenhum antiviral para combater a doença. “Ela vai acabar por si. Então é importante cuidar da febre – caso necessário, tomar um antitérmico –, se hidratar e, se tiver na fase aguda da doença, tomar mais cuidado para não transmiti-la.”