Os perigos do autodiagnóstico e da automedicação

O autodiagnóstico e automedicação sempre existiram, mas com a consolidação da internet o fenômeno tornou-se mais acentuado e preocupante para a saúde.


01 de agosto de 2014


Saúde com Ciência alerta para os riscos do autodiagnóstico e da automedicação, principalmente quando baseados em informações da internet

saudecomcienciaUm comprimido aqui, outra pílula ali e a dor de cabeça está curada. Todo mundo passa ou já passou por uma situação parecida, porém nem todos sabem que quando a ingestão desses medicamentos é recorrente ou exagerada, o que deveria ser um alívio para a dor pode se tornar um gatilho para um problema ainda maior.

“Tudo tem risco. Não existe um medicamento que só traga melhoras,” afirma o professor do Departamento de Cirurgia e coordenador do Centro de Tecnologia em Saúde (Cetes) da Faculdade de Medicina da UFMG, Cláudio de Souza. “A gente deve pensar na possibilidade de efeitos maléficos de determinadas drogas”, destaca.

No entanto, a automedicação permanece um tema delicado. O efeito colateral ocasionado pela ingestão de medicamentos é um dos fatores que a impede de ser recomendada abertamente. Por outro lado, a automedicação também não pode ser impedida, visto que o sistema público de saúde não tem condições de atender a demanda de atendimentos de casos mais simples, como dores de cabeça. Dessa forma, o limite entre a automedicação responsável e a prejudicial é uma linha tênue do bom senso do indivíduo. “Uma coisa é você tomar uma aspirina para uma dor de cabeça, outra coisa é fazer uma prática sistemática dessa automedicação para doenças mais complicadas”, pondera Cláudio de Souza.

Atualmente, a internet tem sido uma faca de dois gumes no que se trata da automedicação. “É positivo que o paciente seja bem informado e busque informações sobre a sua saúde”, comenta. Souza explica ainda que a curiosidade do indivíduo facilita a relação com o médico. “Mas, ele (o paciente) deve ter cuidado nesse processo”, ressalta.

remedios

Foto: reprodução internet

E não é para menos: as informações também podem induzir uma pessoa a um autodiagnóstico errado devido a falta de credibilidade da internet. Para se ter um exemplo, o Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), analisou 1.152 vídeos no Youtube sobre cardiologia e constatou que apenas 4% deles tinham conteúdos corretos. “A internet tem coisas boas e tem coisas que não são aproveitáveis. Às vezes, pode ser difícil para uma pessoa selecionar as informações e por isso ela corre o risco de começar uma automedicação sem ouvir um profissional”, diz o professor Cláudio de Souza.

Quando mal administrado ou ingerido em doses acima do saudável, os medicamentos podem causar lesões hepáticas irreversíveis, causando inflamação do fígado e afetando suas funções. Pulmões, rins e até o cérebro também são órgãos que podem ser afetados pela automedicação irresponsável.

Tema da semana:

O autodiagnóstico e automedicação sempre existiram, mas com a consolidação da internet o fenômeno tornou-se mais acentuado e preocupante para a saúde. Com a facilidade de informações na rede, o indivíduo pode não apenas se diagnosticar como também se medicar com remédios que podem trazer efeitos colaterais para sua saúde. Com o objetivo de alertar sobre os perigos de atitudes parecidas, o Saúde com Ciência apresenta a série Perigos do Autodiagnóstico e da Automedicação que aponta sobre o fenômeno da cibercôndria; as consequências da automedicação para o corpo e mente do indivíduos, os efeitos colaterais dos chás naturais. Ao final, também é realizada uma avaliação de como o Google pode contribuir para a Medicina atual.

 

Confira a programação:

Cibercôndria: o autodiagnóstico virtual – segunda-feira (04/08/14)

“É só um remedinho”: Os perigos da automedicação – terça-feira (05/08/14)

Autodiagnóstico na saúde mental – quarta-feira (06/08/14)

“Se não fizer bem, mal não faz”: os riscos dos chás naturais – quinta-feira (07/08/14)

A Medicina e o Dr. Google – sexta-feira (08/08/14)

 

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 38 emissoras de rádio de Minas Gerais, Paraná e Estados Unidos. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.