Outubro Rosa: autoexame auxilia mulheres a conhecerem o próprio corpo
Especialista convidado do Saúde com Ciência explica que exame possui papel importante, mas não substitui a mamografia no diagnóstico precoce da doença
10 de outubro de 2022 - autoexame, Câncer de mama, mamografia, outubro rosa, saúde com ciência
Eduarda Sperandio*
O autoexame de mama é uma técnica de observação, apalpamento e identificação de suposta presença do câncer de mama. No entanto, desde 2015, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA) não indicam o método de rastreamento para estágio inicial da doença, já que a técnica confirma a presença do tumor em estágio avançado, além de causar pânico em algumas mulheres e desestimular a realização de outros exames de rastreio, como a mamografia.
De acordo com o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e convidado do Saúde com Ciência desta semana, Clécio de Lucena, o autoexame possui atuação importante contra o câncer de mama, mas não pode ser visto como o único método eficaz e seguro de rastreio. Segundo ele, o autoexame é imprescindível, principalmente para aquelas mulheres que não possuem acesso a outros métodos de identificação, nem mesmo através da saúde pública, e, portanto, a autoavaliação pode colaborar muito em termos de percepção.
“Para essa população que talvez não tenha acesso a mamografia, que seria o cenário ideal, pelo menos fazer o autoexame seria a mínima contribuição que a paciente poderia fazer pelo seu autocuidado. Então, o autoexame das mamas é sim importante e deve ser recomendado”, explica o professor.
A mamografia é um exame de rastreio por imagem, que estuda o tecido mamário e é fundamental para adquirir um diagnóstico precoce de câncer de mama. Segundo o Ministério da Saúde, a mamografia de rastreio é indicada a cada dois anos, a partir dos 50. Todavia, a realização deve ser feita de acordo com a demanda e especificidade de cada paciente, contando com a orientação médica.
A eficácia da mamografia pode depender de diversos fatores, como o tamanho do tumor e, até mesmo, a leitura dos exames pelo profissional. Mas, mesmo assim, sua necessidade é indispensável para o diagnóstico precoce e maior chance de cura.
Importância de conhecer o próprio corpo
Embora o autoexame não auxilie tanto no diagnóstico precoce do câncer de mama, ele é um grande aliado no conhecimento do próprio corpo. Ao conhecer os próprios seios, a mulher desenvolve autonomia para reconhecer alterações e procurar auxílio profissional.
Contudo, deve-se saber que a presença de pequenos nódulos na mama é relativamente comum. Por isso, não deve haver desespero no reconhecimento de variações, mas sim procurar informações através de um especialista.
Quando realizar o autoexame?
O professor afirma que, durante a fase reprodutiva, quando a mulher ainda menstrua, a mama passa constantemente por um período cíclico de alterações. Então, o ideal é que o autoexame seja realizado cerca de sete dias antes do início da menstruação. Já em mulheres que utilizam algum método contraceptivo contínuo que suspende a menstruação, ou em mulheres que passaram pela menopausa, o ideal é que seja escolhido um dia no mês para realizá-lo.
Fazer ou não fazer o autoexame?
É importante ressaltar que o auto apalpamento das mamas não substitui o exame clínico, e que o cenário ideal é realmente recorrer a outros métodos de identificação precoce. Mas, ainda assim, segundo Clécio, a autoavaliação precisa ser recomendada, tanto pelo conhecimento do próprio corpo, tanto pela percepção de anomalias.
Saúde com Ciência
O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana explica sobre o câncer de mama, quais são as formas de diagnosticar e os cuidados da doença.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.
*Eduarda Sperandio – estagiária de jornalismo
Edição: Giovana Maldini