Pesquisa e inovação em experiências compartilhadas


05 de setembro de 2014


Para Criollo, tecnologia nova e de ponta deve ser transdisciplinar.

Para Criollo, tecnologia nova e de ponta deve ser transdisciplinar.

Qual a ligação da Engenharia com a Medicina? O que acontece dentro do Laboratório de Genômica Clínica (LGC) da Faculdade? Essas questões foram respondidas na mesa-redonda “Relatos de experiência”, na tarde de ontem, 4 de setembro, durante o 3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG.

“É muito interessante trabalhar com a engenharia, porque você pede um aparelho que faça determinada coisa e eles conseguem isso”, disse a professora do Departamento de Fonoaudiologia Luciana Macedo. O comentário é referência aos trabalhos que desenvolveu em conjunto com o engenheiro e professor Carlos Júlio Criollo, inicialmente na UFMG e, depois, quando ele foi para a UFRJ.

A professora também comentou sobre a importância da tecnologia para o diagnóstico e o tratamento. Esse argumento foi exemplificado na palestra de Criollo, ao mostrar alguns dos produtos e protótipos que começou a produzir na UFMG. Apesar dos avanços, ele contou sobre as dificuldades do desenvolvimento de tecnologia no Brasil, principalmente as que possuem propostas novas. Ele explicou, ainda, que o sucesso depende da compreensão do que é transdisciplinar, ou seja, saber como trabalhar em conjunto com diferentes profissões. “Quando você quer alguma tecnologia nova e de ponta ela tem que ser transdisciplinar. Cada pessoa da equipe tem que contribuir com o conhecimento que tem e como pode”, afirmou.

Os resultados, de acordo com ele, foram frutos da relação entre universidade, empresa e sociedade. Um dos primeiros apresentados foi o aparelho para realizar a Triagem Auditiva Neonatal, conhecida como teste da orelhinha, importante para identificar precocemente a deficiência auditiva. O desafio era diminuir o tempo de demora para o diagnóstico. Ao alcançar seu objetivo, surgiu o “AudioStim”, um produto com três funções em um único equipamento e em conformidade com as mais atuais técnicas de processamento digital. Além desse, outros desenvolvimentos auxiliaram em exames, triagem e reabilitação. Há inclusive alguns que são adaptados de acordo com a deficiência do usuário, como um esqueleto magnético que se move pela transmissão dos sinais do cérebro, ou pelo movimento do globo ocular.

Sequenciamento Exomico

“Desde os anos 2000 a nossa velocidade de sequenciar genomas aumentou 50 mil vezes. O preço também caiu consideravelmente e a nossa meta é que passe a custar o mesmo que uma ressonância magnética”, declarou o professor Sérgio Pena, coordenador do Laboratório de Genômica Clínica (LGC) da Faculdade de Medicina da UFMG. Sua fala introdutória leva esperança ao futuro da medicina, já que, segundo ele, ao alcançar essa meta, será possível usar a genômica no diagnóstico do paciente.

O genoma humano é o conjunto de genes transmitidos de pais para filhos, no qual se encontra o DNA, por exemplo. Já o exoma, sequenciado no LGC, é uma pequena porção do genoma, onde são encontradas as informações mais importantes, de acordo com Sérgio Pena. Com seu sequenciamento é possível capturar a maior parte das alterações de genes. “O sequenciamento exomico é como se fosse um trabalho de detetive, no qual o crime é a doença genética. Os suspeitos são as variantes genéticas e você tem que descobrir qual delas foi a causadora”, exemplificou.

O professor ainda conta que, atualmente, devido à diminuição do custo já é possível encontrar diagnósticos baseados nesse sequenciamento. Inclusive, citou casos em que ele foi importante para determinar as causas e tratamentos de algumas doenças. “A ideia central do Laboratório é servir como um centro para toda a comunidade do Hospital das Clínicas da UFMG”, ressaltou.

Os benefícios são inúmeros e podem atingir toda a população. Um exemplo é que, através do resultado do exoma, o médico poderá prescrever a dose exata para que os pacientes não corram o risco de ter efeitos adversos.

3º Congresso
O 3º Congresso Nacional da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG chega, hoje, ao seu último dia de atividades. A programação reuniu sete conferências, mais de 10 palestras e 40 mesas-redondas, em torno do tema “Cenários da Saúde na Contemporaneidade”, em oito eixos temáticos.

A Secretaria executiva do 3º Congresso Nacional da Faculdade de Medicina da UFMG atende na sala Oswaldo Costa, 21, térreo da Unidade.

Acesse a programação completa.

Acesse a página eletrônica do 3º Congresso Nacional de Saúde.

Mais informações:
3409 9105 ou 3409 8055, ou ainda pelo e-mail 3congresso@medicina.ufmg.br

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