Planos privados de saúde não conseguem cobrir a oferta de serviços do SUS
Sistema Único de Saúde é o único a oferecer atenção integral à saúde
17 de outubro de 2018
Sistema Único de Saúde (SUS) é o único que consegue oferecer atenção integral à saúde
Raíssa César*
Muito além do atendimento médico, o Sistema Único de Saúde (SUS) responde ao princípio de atenção integral à saúde, que vai desde a atenção básica à alta complexidade. Ações das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental são alguns exemplos de serviços que estão incluídos no modelo único de saúde, os quais os planos privados não conseguem suprir. Isso significa que a maior parte da população é atendida pelo SUS, mesmo que seja usuária de planos privados de saúde.
“Vivemos numa sociedade que cultuou um modelo de saúde centrado exclusivamente no médico”, ressalta a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Eli Iôla Gurgel Andrade da Cunha. Esse modelo é reforçado pelos planos privados que, em geral, disponibilizam serviços de média complexidade, como consultas e exames especializados, além de atendimento de urgência e emergência.
Porém, de acordo com a professora, os planos particulares jamais seriam capazes de suprir a demanda de saúde da população. “O problema é que, se a população não tem confiança no sistema público, ela vai buscar o privado”, explica. Isso porque os serviços de média complexidade são os principais gargalos do SUS. “As filas de espera e a falta de médicos especialistas acabam sendo foco de críticas de grande parte da população”, continua Eli Iôla.
A professora ressalta, no entanto, que todas as pessoas são usuárias do SUS, mesmo tendo condições de arcar com os custos de um plano privado. O Programa Nacional de Imunizações, por exemplo, oferece vacinas a toda a população, desde o nascimento até a vida adulta.
Usuários
De acordo com o Ministério da Saúde, o SUS engloba a atenção básica, média e alta complexidade, os serviços de urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e a assistência farmacêutica. Cerca de 80% da população brasileira depende exclusivamente do Sistema para qualquer atendimento de saúde, como mostram dados da Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Uma parcela menor da população, cerca de 25%, é usuária de planos privados, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo 80% dessa fatia decorrente de planos empresariais. “O Brasil vive uma duplicidade entre investimento público na saúde e incentivo ao setor privado, numa guerra entre a saúde como mercadoria ou saúde como direito. Tem que ser direito”, enfatiza a professora.
Além do atendimento
Ao sentir uma dor de ouvido, é comum procuramos por um especialista nesta área para tratar rapidamente o problema. Mas, nem sempre esse é caminho mais indicado. “O especialista não acompanha o paciente, ele deve ser buscado na precisão de um diagnóstico mais específico”, esclarece a professora Eli Iôla.
O SUS tem equipes que analisam as necessidades do paciente como um todo, encaminhando-o a especialistas, em caso de necessidade. As Equipes de Saúde da Família (ESF) acompanham a saúde do usuário, sendo o elo de informação da população com os profissionais de saúde.
Já Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) tem a função de oferecer apoio ao trabalho das ESF, sendo composto por uma equipe multiprofissional, com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, entre outros.
Alta complexidade
O Sistema Único de Saúde também oferece serviços de alta complexidade, como transplantes de órgãos, ressonância magnética, medicamentos de alto custo, entre outros. As internações cobrem medicamento, profissionais e a diária no hospital. O SUS arca com esses custos, internando 11,5 milhões de pessoas por ano.
Para saber mais sobre o SUS, leia a matéria “Nos 30 anos do SUS, especialistas citam dados e desafios atuais”.
*Raíssa César – estagiária de Jornalismo
Edição: Karla Scarmigliat