Plataforma online ajudará pais a educar crianças hiperativas

Aplicação é prevista para todos os dispositivos e busca encurtar distância entre o treinamento e famílias sem acesso à capacitação presencial.


06 de dezembro de 2019


Dentre os transtornos de neurodesenvolvimento, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos mais prevalentes, afetando mais de 5% da população. Pensando nisso, em sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG, o designer Daniel Augusto Ferreira e Santos desenvolveu uma plataforma online para auxiliar pais e mães de crianças com TDAH a interferir de maneira positiva no desenvolvimento de seus filhos.

O treinamento de pais é uma medida complementar, recomendada para a diminuição dos comportamentos externalizantes. “É comprovado que, além do tratamento medicamentoso, o treinamento de pais é o que há de mais efetivo no tratamento”, aponta Daniel. No entanto, muitas famílias desconhecem ou não têm acesso a treinamento presencial. “É uma intervenção cara, já que exige um local, um profissional qualificado e múltiplas sessões”, detalha o pesquisador. Além disso, o treinamento exige tempo e deslocamento, recursos que muitas famílias atendidas pela rede pública de saúde não dispõe.

A plataforma foi desenvolvida em conjunto com a equipe de psicólogos do Núcleo de Investigação da Impulsividade e Atenção (NITIDA) do Hospital das Clínicas da UFMG, e surgiu a partir de uma idealização da orientadora de Daniel Santos e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, Débora Marques de Miranda. Além do TDAH, outro transtorno faz parte do conteúdo da plataforma, o Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD).

Segundo o autor, a ideia de intervenção online já mostra popularidade em países como Estados Unidos e Suécia, mas ainda caminha a passos lentos no Brasil. “Nossa proposta para treinamento de pais, em âmbito nacional, é única. E não é uma intervenção com custo de execução alto”, afirma. Após a validação científica da plataforma, o intuito de Daniel é que ela esteja disponível para acesso pelas famílias atendidas pelo NITIDA. “Às quintas-feiras acontece uma triagem para entrar na fila de tratamento. Nela, as pessoas que tiverem o perfil para a plataforma receberão acesso para se beneficiar com o treinamento”, explica Daniel Santos.

Próximos passos

Antes de ser liberada para uso, a plataforma precisa primeiro passar por validação científica. O processo está sendo realizado através de uma tese de doutorado, também do Programa de Pós-Graduação em Medicina Molecular. “Teremos 60 famílias divididas em dois grupos aleatoriamente distribuídos. Um deles será submetido ao treinamento presencial, no NITIDA, enquanto o outro fará o treinamento através da plataforma”, detalha a professora Débora Miranda, sobre parte da validação. Os materiais utilizados serão equivalentes, alterando-se apenas o meio pelo qual o conteúdo é apresentado.

Concluída a validação, a plataforma poderá ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), para que serviços como o NITIDA possam expandir o treinamento parental.