Práticas integrativas complementares: alcance e exemplos práticos

Neste ano, dez novos procedimentos foram incluídos na lista do SUS.


05 de julho de 2018


Especialistas falam sobre efeitos e abrangência das práticas no sistema público de saúde. Neste ano, dez novos procedimentos foram incluídos na lista do SUS

Marcos Paulo Rodrigues*

Apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais… Essas são as dez práticas integrativas e complementares (PIC) recém-incluídas nas ações de promoção e prevenção em saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, são 29 práticas ofertadas pelo sistema público, que, juntamente às práticas alopáticas convencionais, visam trazer melhor qualidade de vida aos pacientes.

As práticas são tradicionais e foram sendo incorporadas na saúde por médicos e paramédicos com o objetivo de oferecerem outros benefícios aos indivíduos que recorrem ao atendimento médico. O professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Rubens Tavares, foi coordenador do eixo transversal do 4º Congresso Nacional de Saúde: Práticas Integrativas e Complementares / Saúde e Espiritualidade, realizado em 2017. Ele dá o exemplo de uma importante aplicação complementar desses procedimentos:

 

As abordagens de cuidado à população por meio de práticas que envolvem recursos terapêuticos diversos foram instituídas no SUS pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Desde essa implantação, o acesso dos usuários aos serviços vem crescendo. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), mais de 7700 estabelecimentos de saúde oferecem alguma prática integrativa e complementar, representando cerca de 28% das Unidades Básicas de Saúde (UBS).

As PIC estão presentes em quase 30% dos municípios brasileiros distribuídos entre os 27 estados, incluindo o Distrito Federal e todas as capitais brasileiras. O professor Rubens Tavares fala sobre o alcance dos procedimentos em Belo Horizonte-MG e pondera que a demanda ainda é maior do que a quantidade de profissionais disponíveis na rede:

 

A adoção dos novos procedimentos evidencia um avanço das práticas integrativas e complementares no sistema público, porém, essas e outras práticas médicas permanecem em constante questionamento quanto à sua validade e aplicação. O professor dá outro exemplo prático, que envolve pacientes inférteis:

 

©Thinkstock

Hoje, segundo dados do MS, a prática mais difundida no sistema público é a acupuntura, um dos assuntos discutidos na série “Práticas Integrativas e Complementares“, veiculada pelo programa de rádio Saúde com Ciência no ano passado. Em seguida, estão práticas da medicina tradicional chinesa, como tai chi chuan e lian gong. Destacam-se também a auriculoterapia e a ioga. Dentre os procedimentos adotados neste ano, o psiquiatra e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade, Frederico Garcia, comenta o funcionamento e benefícios da hipnoterapia, ressaltando a importância do acompanhamento médico:

 

As pessoas interessadas em participar dos tratamentos complementares devem procurar a UBS mais próxima e se informar, junto à gerente, sobre a disponibilidade das práticas. Se nessa unidade não houver determinada prática disponível, recomenda-se a solicitação de uma consulta para direcionar o atendimento.

Aplicações na UFMG

Acompanhando essa tendência de integração entre os tratamentos convencionais e práticas integrativas complementares, a Faculdade de Medicina e o Hospital das Clínicas da UFMG propõem eventos e projetos de extensão para promoção das terapias complementares e debates dos seus resultados. Quem dá mais detalhes é o professor Rubens Tavares:

 

Para a comunidade interna e externa da UFMG, Tavares também indica as “Terapias complementares: toque terapêutico”, projeto de extensão que busca oferecer o recurso do toque terapêutico, também conhecido como Reiki, informando e educando a população interessada nessa terapia. O professor resume características e público-alvo da prática e ainda fala sobre espiritualidade, meditação e ioga na universidade:


Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries de rádio realizadas pelo Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos do material apurado na produção das séries.

*Redação: Marcos Paulo Rodrigues – estagiário de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues