Preciso me vacinar contra o sarampo?
A professora do Departamento de Pediatria explica sobre dúvidas frequentes relacionadas à vacina do sarampo
10 de setembro de 2019 - pediatria, Sarampo, Saúde, Vacinação
*Marcela Brito

De acordo com o último boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, nos últimos 90 dias foram confirmados 2.753 casos de sarampo em 13 estados brasileiros. Potencialmente grave, a doença é provocada por um vírus que pode matar os pacientes infectados. Sem tratamento específico, a melhor forma de prevenção é com a vacina, segundo a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Regina Lunardi Rocha.
Produzida a partir de um vírus vivo com baixo potencial patogênico, a tríplice viral é uma das vacinas que imunizam contra o sarampo. Disponível gratuitamente no serviço público de saúde, em uma mesma dose, ela ainda imuniza contra os vírus da caxumba e da rubéola. Mas, para ficar devidamente imunizada, é preciso tomar duas doses.
A infectologista Regina Lunardi esclarece algumas dúvidas ligadas à vacinação do sarampo:
Quais públicos são importantes para fazer a imunização contra o Sarampo? Existe contraindicação?
Quando tem um surto de sarampo, como está acontecendo no Brasil, temos que imunizar todas as pessoas suscetíveis, porque existem chances do surto se manter, a doença ficar endêmica e perdermos o controle. Então é preciso vacinar todo mundo que não teve a doença e que ainda não se vacinou. Esse deve ser o objetivo da campanha da vacinação, abarcar todas as faixas etárias.
Em relação à contraindicação, a vacina não deve ser usada em pessoas com imunidade baixa, como aquelas com câncer, linfoma, leucemia, doenças imunossupressoras como a Aids e diabetes mellitus. Também não devem tomar vacina as gestantes, pessoas alérgicas ao ovo e os pacientes com uso de medicação que pode suprimir a imunidade, como o uso crônico do corticoide.
Existe algum risco se a pessoa tomar mais de duas doses da vacina? E se tomar apenas uma dose?
Não existe nenhum risco em tomar mais de duas doses. Caso a pessoa não saiba se tomou as duas, o mais indicado é que tome outra dose para não ter o risco de ficar suscetível à doença. Além disso, as unidades de saúde estão disponibilizando a imunização mesmo se perdeu a caderneta de vacinação ou se não sabe se já tomou a vacina.
No caso de a pessoa tomar apenas uma dose, o principal risco é de se tornar suscetível a ter a doença.

A pessoa que já teve sarampo precisa se vacinar?
Não, ela está imune para o resto da vida. Mas é preciso ter atenção. O sarampo é uma doença exantemática, ou seja, tem aquelas manchas vermelhas que aparece no corpo, assim como a rubéola, o exantema infeccioso, exantema súbito e a própria dengue que também tem exantemas. Assim é difícil saber exatamente se aquela doença foi sarampo ou as outras com tal característica, porque podem ser confundidas.
Quais são os efeitos colaterais da vacina contra o sarampo?
Os efeitos são simples, como um pouco de dor no local da injeção e, entre o quinto ao décimo segundo dia após ter tomado a vacina, é possível ter um período febril.
A vacina do sarampo pode causar autismo?
De jeito nenhum e isso já foi comprovado. O que aconteceu foi que um cientista escreveu um trabalho, com uma metodologia inaceitável e cheio de erros, falando que a vacina levava ao autismo. Depois disso, esse cientista teve o diploma cassado, foi expulso da academia e deixou de ser professor cientista, porque foi um absurdo o que fez. Como esse estudo passou na televisão, as pessoas acabaram ficando com receio de tomar a vacina, mesmo depois de ser publicado e divulgado que estava errado.
Leia mais sobre o sarampo: Baixa adesão na segunda dose da vacina deixa crianças vulneráveis ao sarampo
*Marcela Brito – estagiária de Jornalismo
edição: Deborah Castro