Professora Erika Parlato lança livro sobre competências do bebê

Como bebês de até 1 ano de idade recebem a informação e a interpretam? Se essa preocupação surgia apenas após a criança completar seu primeiro ano de vida, agora é diferente. De acordo com a professora convidada do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Saúde da Criança e Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, Erika Parlato, atualmente já se sabe que, antes mesmo de andar, o bebê já comunica, interage e busca o outro para uma troca.  A forma como isso ocorre é a discussão do seu livro “Saberes do Bebê”, que será lançado nesta sexta-feira, 1º de novembro, mas já está disponível para compra online.

“Temos que divulgar esse conhecimento – sobre a entrada da informação sensorial para o bebê e como ele interpreta o que chega até ele -, porque tem efeito na clínica e na saúde pública”, argumenta Erika, também professora da Université Paris Diderot. “Então, quanto mais soubermos o quanto o bebê é capaz, mais teremos expectativas sobre ele, além de poder interagir da melhor forma, mostrando que ele é competente. Se não estiver correndo tudo bem, iremos descobrir mais cedo e intervir o quanto antes”, continua. 

Orientadora de pesquisadores franceses e brasileiros, Erika Parlato conta que há dados que comparam, por exemplo, bebês com quatro meses de idade, dos dois países, e apontam que eles não interagem da mesma forma. “Na análise do diálogo dos bebês com as mães, percebemos que no caso dos franceses há a vez de cada um falar. Já os bebês brasileiros conversam ao mesmo tempo que as mães, nenhum dos dois espera o outro acabar de falar, como a gente normalmente faz mesmo”, comenta. “É muito interessante pensar que o bebê de 4 meses de idade já descobriu como funciona, dependendo do país onde está, a cultura em que está inserido e a forma como as pessoas interagem com ele”, completa.

O livro

O livro da professora Erika Parlato é a segunda publicação da Coleção Bebê Sapiens, do Instituto Langage, que tem a proposta de convidar diversos pesquisadores e clínicos para apresentar as capacidades do bebê.

“É difícil escrever um livro e definir um público, porque quero muito divulgar a capacidade dos bebês para todo mundo, seja os profissionais que estão na linha de frente, na Atenção Primária, ou para os pais. Geralmente, quem tem bebê em casa quer saber tudo sobre ele. Por isso escrevi em uma linguagem mais simples, sem colocar muitas referências de autores ou aquele rigor de artigo científico que quebra a leitura”, informa Parlato.

As referências bibliográficas do livro podem ser acessadas com a leitura de um QR Code. O recurso também é usado para prefácio que, após a leitura do código, abre um vídeo com a participação de 18 bebês demonstrando o que são capazes. Outra novidade da publicação é que seu formato permite ser carregado facilmente, favorecendo também o custo e a divulgação desse conhecimento.