Psicanalista renomado fará Conferência Magna no 3º Congresso

Jorge Forbes é referência em diversas áreas por trabalhos sobre novas formas de viver na pós-modernidade.


12 de agosto de 2014


Jorge Forbes é referência em diversas áreas por trabalhos sobre novas formas de viver na pós-modernidade

Jorge Forbes

Foto: Divulgação

“A Medicina para além das evidências” foi o tema escolhido para abertura oficial do 3º Congresso Nacional de Saúde, que acontece entre os dias 3 e 5 de setembro. Membro da Associação Mundial de Psicanálise (AMP), o também médico psiquiatra, Jorge Forbes, foi o convidado para proferir a Conferência Magna, que abordará temas de enigmas da medicina.

Jorge Forbes é presidente do Instituto da Psicanálise Lacaniana (IPLA), e dirige a Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano, pela Universidade de São Paulo. Também é analista membro da Escola Brasileira e Européia de Psicanálise, e é dos principais introdutores do ensino de Jacques Lacan no Brasil, de quem frequentou os seminários em Paris, de 1976 a 1981 (Confira perfil na íntegra).

Segundo a professora Maria Cecília Diniz Nogueira, integrante da comissão organizadora do evento, a presença de Forbes é um ponto muito importante para o Congresso. “Além de psicanalista, ele também é um médico de reconhecimento internacional, e ainda atua em universidades, como a Universidade de São Paulo (USP). A psicanálise tem outro olhar, e quando possível, articula a atuação de qualquer profissional”, explicou a professora.

Confira abaixo a entrevista concedida por Jorge Forbes ao portal da Faculdade de Medicina da UFMG.

Em suma, quais assuntos serão abordados na conferência?
Vou tratar do que anunciei no título: “A Medicina para além das evidências”. Nos últimos vinte anos, a medicina tem vivido na ideologia de que tudo pode ser detectado e provado empiricamente. É o que se escuta, com frequência, quando se vai a uma consulta e o médico afirma: “Os seus exames mostram que…”. O problema é que os exames mostram coisas diferentes, para médicos diferentes, qualquer cliente já vivenciou isso. Considero importante notar que os avanços científicos não abolem a subjetividade e nem diminuem a responsabilidade do médico, todo o contrário.

Qual a importância de se retratar assuntos como estes no cenário atual da saúde?
É fundamental. O mundo mudou completamente nos últimos trinta, quarenta anos. Saímos da era moderna e entramos na pós-moderna. Dito de outro modo, saímos de “Terra 1”, e estamos em “Terra 2”, que é um outro planeta. Se não atentarmos a esse fato, vamos insistir em velhos remédios para novos sintomas, o que não é nada bom.

Como a psicanálise se envolve e descreve a situação da Saúde na contemporaneidade?
Um dos aspectos principais da contemporaneidade é a falta de padrões de comportamento. Saímos de uma sociedade disciplinada, vertical, e estamos em uma sociedade horizontal, múltipla, em rede, de comportamentos flexíveis. A psicanálise pode ser importante aos médicos que terão que se defrontar, cada vez mais, com demandas singulares de seus pacientes, além dos protocolos.

Atualmente, do ponto de vista psicanalítico, o que é preciso para que a Medicina atue de forma plena?
A medicina, a meu ver, tem que dar um passinho à frente e reconhecer que o sonho tranquilizador – para muitos – de que tudo viria a ser comprovado cientificamente, está fazendo água. Paradoxalmente, sabemos cada vez mais e conhecemos cada vez menos. Discutirei esse aspecto.

Como foi ser convidado para participar do 3º Congresso Nacional de Saúde?
Fiquei honrado e contente. Honrado pela importância do evento e do convite, contente pela oportunidade de me dirigir, desde a psicanálise, aos meus colegas médicos. Espero um bom encontro.

Qual a expectativa de legado a ser deixado para o público participante do Congresso?
“Legado” é uma palavra importante demais. Espero ser capaz de mostrar a fantástica revolução na forma de viver e na saúde do homem globalizado e o tamanho da tarefa que temos pela frente de fazer com que a Medicina se reoriente na ética própria ao Século XXI.