Quedas em idosos são potencialmente graves e devem ser investigadas

Aproximadamente 30% das pessoas com mais de 65 anos de idade caem ao menos uma vez por ano.


09 de julho de 2018


Aproximadamente 30% das pessoas com mais de 65 anos de idade caem ao menos uma vez por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Saiba mais no Saúde com Ciência

Warlen Valadares*

As quedas são consideradas problema de saúde pública no país, afetando principalmente as pessoas idosas, ou seja, cerca de 13% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da potencial gravidade das fraturas associadas às quedas, não existem campanhas para alertar as pessoas sobre a importância de prevenir esse tipo de acidente, que deve ser investigado ainda que não ocorra nenhuma lesão.

“Existem alguns estudos que mostram que um idoso que caiu uma, duas vezes, pode ser que na terceira ou quarta vez ele sofra uma fratura”, afirma o geriatra e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Flávio Chaimowicz. Durante uma consulta de rotina, é importante que o médico questione o paciente sobre possíveis episódios de queda nos últimos dois meses. “Essa pergunta também deve ser feita aos familiares, pois às vezes o idoso apresenta algum problema de memória e sofreu uma queda recentemente, mas não se lembra”, pontua Chaimowicz.

Doenças comuns na terceira idade podem comprometer o equilíbrio, coordenação motora ou capacidade de julgamento do indivíduo durante uma caminhada. Labirintite, catarata, glaucoma, osteoporose, artrite, Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, depressão, insônia, doenças pulmonares e cardiovasculares são quadros possivelmente associados a quedas esporádicas ou frequentes e devem, portanto, ser diagnosticados e tratados adequadamente.

Foto: pixabay.com

Até os 80 anos de idade, uma das principais consequências das quedas é a fratura do punho, quando o idoso, a partir do seu reflexo, apoia as mãos no chão na hora de cair. Já a partir dos 80 anos, a fratura mais comum é a do colo do fêmur, uma vez que a maioria das pessoas nessa idade não tem o reflexo tão aguçado e não consegue apoiar as mãos durante a queda. Flávio Chaimowicz alerta: “Ela acontece em aproximadamente 3% das quedas dos idosos e tem uma mortalidade de até 25% dos casos nos primeiros seis meses. É mais elevada do que a mortalidade por infarto agudo do miocárdio”. O risco está associado à própria fratura, à intervenção cirúrgica e ao pós-operatório.

Hematomas, cortes e arranhões também exigem avaliação médica, porque podem desenvolver sangramentos e infecções. Outra consequência relativamente comum é conhecida como Síndrome do Medo de Queda. “É muito comum depois de uma queda grave, em que o idoso tem uma fratura ou toma um susto grande, ele pode começar a ter muito medo de andar e se levantar sozinho. Então, ele para de fazer suas atividades e, aos poucos, ocorre a piora de todo o sistema locomotor e do equilíbrio. E isso vai favorecer a ocorrência de novas quedas”, esclarece o especialista.

Medidas preventivas

Na maioria dos casos, a fisioterapia pode ser indicada, tanto para prevenção de novas quedas quanto para reabilitação física do indivíduo. O profissional desenvolve uma série de atividades que visam melhorar o equilíbrio, a marcha, postura, flexibilidade das articulações e o fortalecimento muscular da pessoa idosa.

Uma das principais formas de prevenir as quedas é corrigir a dosagem, substituir ou até mesmo suspender os medicamentos sedativos, utilizados no tratamento de doenças neuropsiquiátricas. Nesses casos, o médico pode orientar o paciente a melhorar a qualidade do sono sem tratamento farmacológico. “Um idoso que dorme muito durante o dia não vai ter sono à noite. Então, se a gente conseguir mantê-lo ocupado durante o dia, ele ter sono à noite, previne quedas nesse idoso”, aponta Flávio Chaimowicz. Dependendo do caso, é necessário reavaliar a medicação usada no tratamento da hipertensão arterial.

A maior parte das quedas em idosos ocorre nas próprias residências. Por isso, o profissional da saúde pode realizar uma avaliação do ambiente onde o idoso vive ou orientar o paciente e seus familiares em relação a possíveis fatores de risco de quedas. Piso molhado ou escorregadio, fios de telefone, animais domésticos no caminho e brinquedos espalhados pela casa, por exemplo, podem aumentar o risco de a pessoa idosa tropeçar e cair.

“Talvez o melhor conselho seja usar um calçado antiderrapante, retirar todos os tapetes da casa e ter sempre uma boa iluminação, mesmo à noite, para que a pessoa ao levantar para ir ao banheiro, por exemplo, tenha uma visão boa do trajeto para não cair”, salienta o ortopedista e também professor da Faculdade de Medicina, Marco Antônio Percope. O professor ainda lembra a importância da atividade física para ajudar a manter o tônus muscular e evitar perda de massa óssea, prevenindo as quedas e fraturas em idosos.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Redação: Warlen Valadares – estagiário de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues