Serviços de Medicina Nuclear em Minas são avaliados pela UFMG
21 de setembro de 2016
Executado pela Faculdade de Medicina e pioneiro no Brasil, projeto capacitou equipe local para realização dos controles de qualidade, além dos testes em equipamentos
Com o objetivo de verificar a qualidade dos serviços prestados pela Medicina Nuclear no estado de Minas Gerais, a Faculdade de Medicina da UFMG foi responsável pela execução do projeto do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), na área de Controle de Qualidade. O professor do Departamento de Anatomia e Imagem da Faculdade e coordenador do projeto, Marcelo Mamede, explica que uma das formas de fazer essa avaliação é através dos equipamentos que realizam os exames.
“Existem basicamente dois grandes tipos de equipamentos de Medicina Nuclear. Um é o SPECT – tomografia computadorizada por emissão de fóton único-, outro é o PET – tomografia por emissão de pósitrons-. No estado há um número muito maior de SPECT, até porque o PET é uma tecnologia muito cara e nova”, esclarece Mamede. De acordo com ele, o intuito era verificar o controle de qualidade dos equipamentos segundo normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que definem todos os testes que devem ser realizados.
Esse é o primeiro projeto feito no Brasil, o que significa que nunca houve uma avaliação desse tipo em Minas ou em outros estados. “Com o projeto também conseguimos formar um número de pessoas qualificadas para realização dos testes e a formação do Laboratório de Dosimetria e Controle de Qualidade na Faculdade, o primeiro laboratório focado em controle de qualidade de equipamentos”, destaca o professor. “Dessa forma, hoje estamos 100% equipados para todos os testes de medicina nuclear, tanto para PET, quanto SPECT, passando a ser, também, um centro de formação para os profissionais que trabalham com Medicina Nuclear,como tecnólogos, físicos médicos”, completa.
Mamede comenta que, de forma geral, os serviços estão funcionando dentro das normas preconizadas. O que se precisa, hoje, é dar um tempo para que os serviços se adequem as novas regras estabelecidas em 2013 pela CNEN e consigam obter todos os simuladores – equipamentos usados para os testes-, o que é uma aquisição cara. O professor conta que, na maior parte dos serviços que visitaram, verificou-se que não tinham todos os simuladores necessários para a realização dos testes.
Os resultados provisórios mais detalhados serão apresentados, no próximo dia 22, à FAPEMIG e à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Na ocasião também, será proposta a ideia de certificar esses serviços e acreditá-los dentro do SUS.
O projeto
O projeto corresponde ao edital do PPSUS de 2012, elaborado junto com o SUS, o CNPQ e a Fapemig, para suprir a demanda do SUS em gestão de serviços, no qual está inserindo o controle de qualidade dos serviços prestados pela rede suplementar do Sistema. No caso da Medicina Nuclear, os serviços são quase 100% prestados de forma suplementar.
Na primeira fase da execução do projeto, fez-se o levantamento dos serviços licenciados com o CNEN, identificando a distribuição dos serviços no estado, o contato com a explicação sobre os testes e o interesse de cada um deles participar e, por fim, o envio do termo de aceite com um questionário.
“Na segunda fase, analisamos o funcionamento dos equipamentos, de acordo com a norma preconizada pela CNEN, e também mostramos aos profissionais do local como realizar os testes”, pontua Mamede. A importância dessa capacitação e formação de recursos humanos dá autonomia às clínicas de executarem os testes, seguindo a periodicidade estabelecida pela CNEN.
Além da frequência, há testes específicos para cada equipamento que incluem a análise do envio da radiação correta para a identificação do que se propõe, a qualidade do cristal dentro do equipamento, o funcionamento da parte eletrônica, entre outras. Em suma, os testes verificaram se os aparelhos funcionam para dar o resultado com eficácia de acordo com os tipos de exames propostos e com segurança.
Mamede ainda informa que das 415 instalações radiativas licenciadas no Brasil, 56 estão em Minas Gerais, distribuídas em 28 cidades mineiras (16 só em BH). A análise, coordenada por ele, foi feita com um total de 20 SPECTs e dois PETs, em 20 clínicas que aceitaram participar do projeto.