SUS 30 anos: conheça atividades que vão além da consulta médica

Especialista fala sobre vigilância sanitária e ambiental, controle de zoonoses, alta complexidade no sistema e desafio atual

Vacinação, controle epidemiológico, distribuição de medicamentos, vigilância sanitária e práticas de educação. Esses são exemplos de como o Sistema Único de Saúde (SUS) vai além da atenção básica e abrange desde procedimentos mais simples, como a medição da pressão arterial, a complexos, como transplante de órgãos. Desde sua criação na Constituição Federal de 1988, o SUS busca oferecer saúde à população de forma universal e gratuita.

Quem introduz a premissa básica do sistema e indica a variedade de ações necessárias para seu bom funcionamento é a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e diretora geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves, Alzira de Oliveira Jorge:

Os princípios e atividades promovidas pelo sistema foram abordados na série SUS: 30 anos, veiculada pelo programa de rádio Saúde com Ciência. Dentre essas atividades, a vigilância sanitária desempenha o papel de controlar e fiscalizar alimentos, medicamentos, serviços de saúde e outros produtos:

Agentes comunitários de saúde participam da integração do cidadão com o SUS. Foto: blog.saude.gov.br

Além da vigilância sanitária, o serviço de controle de zoonoses é responsável por vigiar as doenças relacionadas aos animais, orientando sobre os vetores, como o Aedes Aegypti, e os procedimentos a serem adotados para evitar sua proliferação. Alzira Jorge resume como o SUS vai além da consulta médica e representa um conjunto de ações para a promoção de saúde:

Saneamento básico

Diante da importância do controle dos ambientes à saúde da população, algumas pessoas podem imaginar que ações como o saneamento básico também estejam a cargo do SUS. Hoje, o investimento em saneamento, necessário para se evitar algumas doenças e proporcionar uma condição higiênica favorável à população, é separado da saúde, como pontua a professora Alzira:

Alta complexidade

Para alcançar a abrangência necessária e levar atendimento médico aos cidadãos brasileiros, inclusive em relação a procedimentos de alta complexidade, o SUS pode encaminhar o paciente a centros de saúde privados, referenciados como complemento às atividades do sistema:

Alzira Jorge também ressalta que ainda há muito o que evoluir no sistema público de saúde, que existem dificuldades. Por outro lado, avanços diversos ocorreram nesses 30 anos desde a criação do SUS, como a oferta de atenção básica em saúde para quase 70% da população brasileira. Ela acrescenta outros avanços do período:

Segundo Alzira, fora transplantes considerados mais simples, como os de córnea e de rim, todos os procedimentos de transplante são realizados pelo SUS. Mesmo com os avanços citados, ela reforça que há um longo caminho a ser percorrido para aprimorar o SUS, para que ele seja ainda mais eficiente e possibilite atendimentos de qualidade para a população em geral.

Debate atual

De acordo com a Constituição Federal de 1988, as esferas de governo municipal, estadual e federal devem financiar o SUS, custeando as despesas com ações e serviços públicos de saúde. Desde sua criação, as atividades do sistema são influenciadas pela insuficiência orçamentária. Recentemente, a discussão sobre o subfinanciamento do SUS ficou mais evidente a partir da emenda constitucional 95, que congela o orçamento público da saúde pelos próximos 20 anos. Para a professora Alzira, atualmente, é preciso pensar em um debate mais amplo entre a população no que se refere à importância do SUS no dia a dia:

Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries de rádio realizadas pelo Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos do material apurado na produção das séries.