TDAH: diagnóstico e tratamento estão ligados às exigências do ambiente

Psiquiatra fala sobre diagnóstico e tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no país.


24 de agosto de 2017


Psiquiatra fala sobre a realidade do diagnóstico e tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no país

Bernardo Estillac*

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um quadro associado às crianças e adolescentes que envolve a família de forma decisiva. O que é o transtorno? Quando o comportamento agitado e desatento de uma criança ou adolescente vai além de uma característica típica dessa fase da vida? O psiquiatra e ex-professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Arthur Kummer, apresenta a definição médica do TDAH:

 

Questões referentes à abordagem do quadro também foram discutidas no programa de segunda-feira da série “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”, produzida pelo Saúde com Ciência.

Diagnóstico

O diagnóstico do TDAH leva em consideração três formas de apresentação do transtorno: uma em que predomina a desatenção, outra em que prevalece o comportamento hiperativo e impulsivo e uma terceira que combina os sintomas das formas anteriores. O reconhecimento clínico do TDAH é assunto dos programas de terça e quarta-feira.

A análise do comportamento é fator preponderante para a realização do diagnóstico e administração do tratamento, por isso a participação de profissionais da saúde com uma formação direcionada à análise comportamental é importante para a obtenção de maior eficiência nos diagnósticos. Arthur Kummer ressalta a relevância de o TDAH ser tratado por profissionais qualificados, estabelecendo uma relação comparativa entre os cenários brasileiro e estadunidense:

 

Foto: Bernardo Estillac

Agitação, excesso de energia e atenção dispersa são elementos de um comportamento comumente associado às crianças, por isso há um questionamento sobre um possível exagero na quantidade de diagnósticos de TDAH, o que ‘limitaria’ ações típicas dessa fase da vida.

O especialista não nega que possam existir diagnósticos equivocados, mas, devido à relação do TDAH com o ambiente em que o indivíduo está inserido, é mais provável que a situação do Brasil seja de menos diagnósticos do que o necessário. Isso porque o ambiente escolar não exige o suficiente para que os sintomas sejam percebidos:

 

Outro ponto que revela a importância das demandas do meio na percepção dos sintomas do TDAH está na recente mudança dos critérios de diagnóstico. Se antes o início dos sintomas era definido para serem percebidos antes dos sete anos de idade, hoje esse limite aumentou para 12 anos para considerar as mudanças de atividades e responsabilidades atribuídas à criança nesse intervalo de tempo:


Tratamento

O uso de medicamentos para o tratamento do transtorno é um dos pontos mais discutidos sobre o tema. Esse tratamento é assunto do programa de quinta. O metilfenidato, principal composto de medicamentos como a Ritalina e o Concerta, tem sua prescrição e administração controlada a partir de uma decisão que pode envolver o jovem, sua família e o profissional responsável.

Kummer explica que o uso de medicamentos varia de acordo com a demanda do paciente e é influenciado pela faixa etária em que ele se encontra:


Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries realizadas pelo programa de rádio Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos daquilo que foi apurado durante as produções.

A série “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade” foi ao ar entre os dias 14 e 18 de março de 2016. Nela, foram destaques assuntos como a identificação do transtorno, diagnóstico, tratamento e os efeitos do TDAH não tratado a longo prazo.

*Edição: Lucas Rodrigues