Terapias complementares do SUS: Reiki


25 de julho de 2017


Esta matéria faz parte de uma série sobre as terapias complementares adotados como ações de promoção e prevenção em saúde no SUS

Neste ano de 2017, por meio da portaria nº 145/2017,  o Ministério da Saúde aumentou as opções de tratamentos complementares ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) considera 19 terapias integrativas como “ações de promoção e prevenção em saúde”. Entre elas há o Reiki, palavra originada do Japão que significa a energia da vida disponível no universo, proporcionada com a imposição das mãos.

Com a imposição das mãos, o mestre em Reike canaliza a energia vital do universo. Foto: Carol Morena

A enfermeira, pesquisadora e mestre da terapia, Gelza Nunes, conta que o Reiki pode ser dado para qualquer ser vivo, tanto animais e plantas, como humanos. “Várias pessoas podem fazer o curso de Reiki, sendo preconizado a busca de grupos de ensino sérios, no qual o individuo é sincronizado com essa energia da vida. A partir daí, ele aprende alguns símbolos e a canalização dessa energia”, explica. Gelza informa que a aplicação da técnica pode ser feita em diferentes lugares, preferencialmente lugares silenciosos.

 

Além disso, segundo a mestra, por ser a energia da vida, o Reiki pode ser utilizado de forma complementar em vários tratamentos ou mesmo ser aplicado em pessoas saudáveis para a promoção da saúde. “Apesar do  Reiki ser associado a pacientes com doenças crônicas, centros de saúde de grande porte como George Washington University Hospital, University of Maryland e Yale New Haven Hospital o utilizam em pacientes pós-cirúrgico, cardíacos e em terapia intensiva”, conta.

A literatura ainda mostra efeito do Reiki em pacientes com ansiedade, depressão ou pânico, os quais relatam relaxamento profundo após a sessão. Isso os ajuda a se abrir com o psicólogo e dar continuidade ao tratamento. “Também há estudos que evidenciam os benefícios em animais e, portanto, sugerem que possa haver benefícios do Reiki e não apenas frutos de influência psicológica, ou seja, placebo” defende Gelza. Os estudos citados mostraram a melhora do sistema imunológico dos animais e podem ser conferidos aqui e aqui.

“É difícil explicar o que é o Reiki. Quando você experimenta essa energia, você entende. A angústia e o pânico, por exemplo, na linguagem de Freud é como se fosse uma obstrução de uma energia. O Reiki desbloqueia essa obstrução”, declara Gelza. De acordo com ela, há um grande relaxamento, mas ao mesmo tempo proporciona muita energia, além de ser uma das poucas terapias em que não há efeitos colaterais.

“É uma energia muito inteligente. Não sou eu quem define quanto você vai precisar e o que o Reiki fará no seu corpo. Eu sou um canal. A pessoa é quem vai saber o que precisa e quanto precisa”, conta. “Seria interessante que não julgassem o Reiki antes de experimentar. Por isso convido a todos que tenham essa experiência”, declara Gelza.

A mestra ainda aponta outra evidência científica sobre a técnica: uma pesquisa, feita por médicos da Universidade/Hospital Yale, nos Estados Unidos, em que avaliaram as mudanças cardíacas com sessões de Reiki. Com os resultados positivos, recomendaram que a equipe de enfermagem também fizesse o curso para aplicar o Reiki em todos os pacientes. “Conforme os pesquisadores desse estudo, ainda que o Reiki não produzisse alteração cardíaca, a sua aplicação traz a humanização do serviço: O profissional da saúde coloca prioridade no paciente além do procedimento a ser realizado”, comenta.

Reiki como terapia complementar do SUS

Para tratar problema de saúde com Reiki não é necessário deixar de fazer outros tratamentos como os tradicionais, já que é uma terapia complementar, a qual pode ser indicada para dor, tristeza, falta de energia ou problemas gástricos, por exemplo.

Gelza defende a nova adesão pelo Sistema como uma oportunidade aos pacientes, mas faz um alerta. “O SUS definiu que o Reiki pode ser ofertado em seus serviços e fez uma lista dos profissionais que podem aplicar a terapia. Mas não definiu o que o mestre de Reiki deve ter, onde deve ser formado”, afirma. Para ela, essa definição é importante para que o Reiki não seja associado a nenhum tipo de religião e mantenha a linhagem do japonês Usui, quem sistematizou a canalização do Reiki unicamente através de símbolos.

“Em 2015, no Relatório de Terapias Complementares do Brasil, o Reiki aparece como a terapia mais usada no país, depois da acupuntura, homeopatia e medicina antroposófica, as quais já estavam credenciadas”, aponta a enfermeira. “Mas, não se fez um levantamento para saber quantos profissionais de Reiki têm em Belo Horizonte, nem se definiu quanto vai ser reembolsado. Ainda estamos trabalhando sobre como será ofertado nos postos de saúde”, continua.

O Reiki na UFMG

Gelza Nunes conta sobre os dois projetos em que participa com o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Rubens Tavares. Um deles estuda o Reiki como tratamento complementar para pacientes com câncer ginecológico e compara os diferentes efeitos em pacientes que receberam a terapia, com as que receberam uma forma de placebo (imposição das mãos por quem não aprendeu o Reiki) e as que não receberam nada, num ensaio clínico controlado randomizado aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG. Leia sobre o projeto aqui.

O outro é um projeto de extensão, que tem uma sala disponível no Hospital das Clínicas (HC) da UFMG para atender os pacientes em geral, incluindo alunos e funcionários do campus Saúde. Estes atendimentos são feitos nas terças e sextas-feiras, das 13h às 16h, sendo necessário um contato prévio através do email toqueterapeutico@gmail.com.

Ainda há um novo projeto citado por Gelza, realizado junto a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social e coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Promoção de Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade, Elza Machado Melo. “São sessões de Reiki toda sexta-feira para as pacientes no Ambulatório de Cuidado Integral à Mulher em Situação de violência no Instituto Jenny de Andrade Faria, do Hospital das Clínicas da UFMG. Também será feito uma pesquisa comparativa com as pacientes que recebem apenas o tratamento psicológico e as que o complementam com o Reiki”, acrescenta Gelza. “Vamos entrevistar as pacientes e os psicólogos para verificar se perceberam a diferença e qual foi o efeito. Nenhuma pesquisa deste tipo foi feita ainda”, completa.

Segundo a mestra, neste novo projeto, há mulheres que vem de regiões muito longes da área central de Belo Horizonte, onde fica o Hospital, mas que comparecem toda sexta-feira. “A maioria relata relaxamento profundo com o Reiki, o que as ajudam a se reorganizarem e, consequentemente, melhoraria na qualidade de vida. Se sentem mais seguras para falar em público, falar na roda no Ambulatório, etc.”, ressalta.

Gelza ainda conta que, em breve, irá ministrar um curso de Reiki para os alunos da Medicina e os funcionários do HC. “A oferta do Reiki para a população em geral no Hospital ainda não é possível, inclusive por questão de espaço. Quando começarmos a fortalecer o Reiki, sendo uma terapia mais forte dentro da Universidade, quem sabe, conseguiremos um espaço aberto a todos”, justifica.

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– Confira o volume 2 da Coleção Promoção de Saúde e Prevenção da Violência, em que apresenta um capítulo sobre as práticas complementares a mulheres em situação de violência, incluindo o Reiki: https://goo.gl/R9bKv6.