Tratamento com hormônios na menopausa pode reduzir riscos de infecção urinária

Hormonioterapia auxilia na prevenção de sintomas e até outras doenças dessa fase, como osteoporose


16 de janeiro de 2023 - , , , , ,


A menopausa, nome dado a última menstruação, é o momento o qual ocorre uma diminuição das concentrações dos hormônios femininos, como estrogênio e progesterona. Devido a isso, alguns sintomas e até doenças associadas podem acometer os pacientes nessa fase, como as infecções urinárias.

Isso porque, segundo o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Márcio Hipólito, o estrogênio é responsável por melhorar a flora bacteriana local. “Essa flora fica mais contaminada sem o estrogênio, porque ele é como se fosse um ‘soldadinho de defesa’. Então, se você tira esse ‘soldadinho’, a infecção vem”, explica o especialista que foi o convidado desta semana no Saúde com Ciência.

A infecção do trato urinário (ITU) tem origem quando bactérias surgem no aparelho urinário: uretra, bexiga, ureteres e rins, e se alojam na parede que reveste essa região do corpo, denominada uroepitélio. Lá, elas se multiplicam e causam um processo infeccioso e inflamatório.

Para prevenir o risco de infecções urinárias e reduzir outros sintomas frequentes da menopausa, como o ressecamento vaginal, o tratamento contínuo com o estrogênio é uma alternativa. A recomendação é fazer uma avaliação médica com ginecologista para ter a indicação adequada da melhora desses sinais.

“Todo mundo vai ter esse ressecamento vaginal, em um grau menor ou maior, vai depender. Mas isso [procura por atendimento médico] é uma obrigação, mesmo depois dos 70, dos 80 anos, que as infecções urinárias começam a vir”, alerta Márcio Hipólito.  

Tabus sobre a hormonioterapia

Ainda existem muitos tabus associados a esse tratamento, chamado de hormonioterapia. Isso porque parte dos pacientes acreditam que, ao tomar esse medicamento, há mais risco de desenvolver doenças como o câncer. Porém, esse risco não existe, segundo o professor. Ao contrário do que se pensa, a hormonioterapia auxilia os pacientes com sintomas da menopausa, os quais representam 80%.

Segundo o Ministério da Saúde, alguns dos sintomas do climatério (período antes da menopausa) são: ondas de calor, acompanhadas de transpiração, tonturas e palpitações; suores noturnos; depressão ou irritabilidade; alterações nos órgãos sexuais, como coceira, secura da mucosa vaginal; diminuição da libido; desconforto durante as relações sexuais; aumento da gordura circulante no sangue; aumento da porosidade dos ossos, tornando-os mais frágeis.

E, de acordo com o professor, atualmente há hormônios naturais para serem utilizados e que não necessariamente precisam ser ingeridos via oral. Alguns tratamentos são feitos com adesivo ou, até mesmo, com gel.

“Nós temos que desmistificar. E, com a entrada desses novos medicamentos, nós reduzimos muito, por exemplo, o gasto de saúde pública, que é altíssimo com osteoporose. Se a gente evita que essa mulher chegue à fratura osteoporótica, vamos ter uma imensa redução de gastos”, conclui.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana vai abordar os sintomas mais comuns no período pré-menopausa (climatério), os cuidados nesta fase e os tabus que ainda existem sobre o tema.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.