Você é muito mais do que aquilo que você come
Contrariando o ditado, especialistas convidados do Saúde com Ciência discutem a boa alimentação e outros fatores para alcançar – ou manter – um corpo saudável
27 de fevereiro de 2015
Contrariando o ditado, especialistas convidados do Saúde com Ciência discutem a boa alimentação e outros fatores para alcançar – ou manter – um corpo saudável
Em novembro de 2014, o Ministério da Saúde lançou a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, manual que fornece informações para as pessoas buscarem uma alimentação equilibrada. Nesta edição do programa de rádio, professores da UFMG deram dicas sobre um corpo saudável e mostraram porque o ditado “você é o que você come” é incompleto.
De acordo com o novo manual, a alimentação ideal é baseada no consumo de produtos naturais, como frutas, verduras, grãos e ovos. A ingestão de óleos vegetais, sal e açúcar também se faz presente, mas com restrições, da mesma forma que devem ser dosados produtos fabricados com adição de sal e açúcar – legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães. Já os industrializados, por exemplo, salsichas e fast food, devem ser evitados.
“Por nutrir o organismo, a alimentação tem um aspecto fundamental tanto na saúde quanto na composição corporal. Mas outras questões, como a atividade física, o lado emocional e as próprias condições genéticas, também têm influência”, ressalta a professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Ann Kristine Jansen.
A prática de atividades físicas deve sempre acompanhar a boa alimentação para Rafael Claro, também professor do Departamento de Nutrição. Equilibrar a alimentação pode ser, inclusive, algo mais complexo, já que exige, por exemplo, frutas e hortaliças frescas em casa e o hábito de sentar para comer com calma.
Claro destaca que, hoje, a atividade mais praticada no país é a caminhada, seguida da musculação e atividades de academia e, em terceiro lugar, corrida e futebol, dependendo do gênero. Ele indica aquela que a pessoa mais gosta de fazer. “Nesse sentido, a gente não vai ter muito benefício ao comparar a prática adequada de qualquer modalidade. O que precisa, de fato, é pensar em algo que eu gostaria de fazer para sempre. Daqui a vinte anos, se eu tiver realizando essa atividade, eu vou estar satisfeito? Se a resposta for sim, você está na atividade adequada.”
Fatores internos
Desmistificando a relevância do metabolismo no ganho ou perda de peso, o endocrinologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Antônio Ribeiro Júnior, afirma que o mais importante é o que e como se come junto à atividade física. “O metabolismo passa a ter importância quando existe uma doença tireoidiana não controlada, uma doença de excesso de glicocorticóides no organismo – doenças endócrinas”, explica.
Com o passar dos anos, as pessoas tendem a ter um metabolismo basal mais baixo, ou seja, um gasto energético menor para manter as funções vitais do organismo. Isso significa que elas deveriam praticar mais atividades, o que, geralmente, não acontece. “Normalmente, os homens têm um gasto energético maior do que as mulheres, devido a questão da massa muscular. A partir dos 25 anos de idade, esse gasto costuma ser reduzido, ou seja, é preciso se exercitar mais. Acreditou-se que esse metabolismo basal era importante, mas ele é uma ponta do iceberg”, observa Antônio Ribeiro.
O lado emocional é outro ponto que merece atenção, uma vez que existem pessoas que encontram a “válvula de escape” de angústias cotidianas na hora de se alimentar. Quando isso se torna algo frequente, pode indicar algum tipo de distúrbio, situação relacionada ainda a questões genéticas: compulsão alimentar, bulimia e anorexia nervosa são alguns exemplos.
Para se ter uma ideia, dados da Associação Americana de Psiquiatria indicam que 6% dos obesos e até 4% da população geral apresentam sinais da compulsão. “Somos humanos e nossa vida é feita de mudanças contínuas. Então é possível, sim, mudar hábitos e comportamentos em busca de uma vida de melhor qualidade”, destaca a professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade, Tatiana Mourão.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência, que apresenta a série Corpo São, Mente Sã entre os dias 02 e 06 de março de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
Ele também é veiculado em outras 94 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.