Webconferência discute impactos da covid-19 na prática médica

Palestra do professor aposentado da Faculdade, João Gabriel Fonseca, abordou a maneira como a pandemia colocou a Medicina em uma posição de imprevisibilidade, alterando paradigmas da saúde.


15 de julho de 2020 - ,


João Gabriel conversou com o diretor Humberto José Alves sobre a prática médica atual. Imagem: Print da live. Confira a íntegra no canal do Youtube da Faculdade de Medicina.

Quais as consequências da pandemia de covid-19 para a prática da medicina moderna? Essa foi uma das questões abordadas na primeira da série de lives “Webconferências do Saber” Medicina na Contemporaneidade, realizada em 15 de julho, às 14h30, no canal do YouTube da Faculdade de Medicina da UFMG.

A Webconferência do Saber: Medicina na Contemporaneidade é a primeira edição da série de lives promovidas pela Faculdade de Medicina com expoentes da saúde, onde os 12 departamentos da Instituição discutirão os temas mais atuais de suas áreas.

O evento foi ministrado pelo professor aposentado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade e atual professor da Escola de Música da UFMG, João Gabriel Marques Fonseca. O diretor da Instituição, professor Humberto José Alves, participou como moderador da Webconferência, fazendo sua abertura, dando as boas vindas ao público e introduzindo o tema e o apresentador.

Confira a íntegra:

Imprevisibilidade e desconforto

Imagem: Print da apresentação. Confira a íntegra no canal do Youtube da Faculdade de Medicina.

“A pandemia nos tirou da zona de conforto”, afirmou o professor João Gabriel Fonseca em sua introdução. De acordo com ele, a atual situação abalou o equilíbrio entre o conhecido e o desconhecido, gerando um misto de imprevisibilidade e desconforto para todos, mas em específico para os profissionais da saúde, aqueles que lidam de perto com a pandemia, no que ele chamou de um paradoxo existencial dos médicos da linha de frente:

O conflito entre sentir-se útil no combate à pandemia e refém dos riscos impostos pelo contato direito.

Durante a apresentação, ele abordou o contexto histórico de conceitos como saúde e higiene, estabelecendo um comparativo entre o compromisso da Medicina com a eficiência e o da ciência com a dúvida. Falou também sobre a evolução do conhecimento e das práticas médicas, mencionando como a importância relativa dos recursos diagnósticos num momento de isolamento social alteraram as práticas diagnósticas, trazendo as consultas virtuais ─ ou à distância ─ à frente das práticas realizadas pelos profissionais da saúde hoje.

Telemedicina

Após a apresentação do professor João Gabriel Fonseca, o moderador da webconferência, professor Humberto José Alves, retornou para introduzir perguntas realizadas pela audiência. O professor foi questionado sobre sua opinião a respeito do uso da telemedicina no âmbito do tratamento médico.

“Ela era, pelo menos no que a gente está vendo hoje, subutilizada. A tendência, pelo menos na minha opinião, é que seja cada vez mais utilizada”, respondeu o professor João Fonseca. Citando sua experiência pessoal, ele afirmou que, antes do isolamento social, jamais havia atendido uma pessoa de maneira remota, mas que hoje já o faz como uma atividade rotineira. 

De acordo com ele, a medicina precisa valorizar cada vez mais o diálogo, a conversa que hoje existe entre o profissional de saúde e o paciente. “Vejo isso como uma grande coisa. Acho que vamos ter um grande desenvolvimento das telemedicinas de uma maneira geral. A alguns anos atrás a gente nem imaginava isso”, afirma, acrescentando que a telemedicina era enxergada como um recurso secundário, mas que hoje, em virtude do isolamento social, ganhou espaço como um recurso essencial.

Palestrante

João Gabriel Marques Fonseca trabalhou por 41 anos como professor do Departamento de Clínica Médica antes de se aposentar, em 2016. Possui graduação pela Faculdade, onde também fez Mestrado em Infectologia e Medicina Tropical e Doutorado em Clínica Médica.

Como médico, atua nas áreas da promoção da saúde, prevenção do estresse e no campo da Medicina do músico. Além disso,  é professor da Escola de Música da UFMG, onde desenvolve estudos sistemáticos das relações da técnica de performance de instrumentos musicais com as doenças ocupacionais de músicos.

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