A musicoterapia como mecanismo de integração social

Nova série de rádio é dedicada às práticas integrativas e complementares, dentre elas a musicoterapia


25 de agosto de 2017


Nova série de rádio é dedicada às práticas integrativas e complementares, dentre elas a musicoterapia

A música está presente em festividades, celebrações, no entretenimento e na educação. E também na promoção da saúde: desde a década de 1940, a musicoterapia é oferecida como meio de tratamento na saúde pública brasileira, tendo sua oferta aumentada no início deste ano através do Sistema Único de Saúde (SUS). A prática, além de contribuir para o tratamento de doenças, pode ser importante no aspecto preventivo e até mesmo ao proporcionar uma maior interação social do indivíduo.

“Por meio da experiência musical, é possível diminuir o isolamento da criança. Através de algo que ele gosta, é possível estabelecer um contato com o terapeuta e, consequentemente, vai se ampliando a possibilidade de contato dessa criança com o mundo a partir das mais variadas músicas e sons”, afirma o professor de musicoterapia da Escola de Música da UFMG, Renato Sampaio, que trabalha a técnica com crianças e adolescentes autistas.

A musicoterapia utiliza experiências como ouvir, cantar, tocar ou improvisar a música e surgiu como prática de saúde a partir da integração de atividades sociais de cunho religioso, da prática de educação musical, principalmente para as pessoas com necessidades especiais, e da utilização da música em hospitais para o acompanhamento de indivíduos que foram feridos nas grandes guerras.

Segundo Renato Sampaio, a experiência musical usada na prática vai depender do objetivo clínico. Os mais variados tipos de sons podem ser utilizados, desde o arrastar de uma cadeira até uma música infantil, clássica ou religiosa, por exemplo. Além disso, a aproximação da musicoterapia com as neurociências vêm trazendo uma nova possibilidade de entendimento do funcionamento humano por meio dos estudos dos mecanismos de processamento cognitivo, que é coordenado pelo sistema nervoso.

“O tocar sincronizado, movimentar-se no mesmo ritmo é importante para a melhora da cognição social, integração e cooperação entre as pessoas. Isso já foi comprovado por pesquisas do ponto de vista comportamental e dos estudos de processamento do sistema nervoso”, afirma Sampaio.

Foto: Carol Morena

Amplitude das ações

Desde a fecundação ou mesmo antes dela, é possível a aplicação técnica da musicoterapia. Nesses casos, o objetivo é trabalhar com casais em tratamento de infertilidade, já que a prática ajuda na diminuição da ansiedade e estresse e favorece o aumento das chances de fecundação.

De acordo com Renato Sampaio, outro público-alvo da musicoterapia são pessoas que recebem cuidados paliativos, ou seja, que estão próximas do óbito. “Ela acaba não só reduzindo a fadiga, estresse, ansiedade e o medo da morte. A partir disso, a pessoa pode recontar, ressignificar sua história de vida, consegue se despedir de seus familiares e outros processos que vão melhorar a qualidade de vida dessa pessoa em cuidados paliativos”, diz o professor.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Redação: Marcos Paulo Rodrigues | Edição: Lucas Rodrigues