Acompanhamento para agressores pode ajudar a superar a violência
Programa de rádio Saúde com Ciência indica as principais formas de violência e como superá-las
02 de outubro de 2014
Programa de rádio indica as principais formas de violência e como superá-las
A violência se enquadra em um conjunto de comportamentos e ações que resultam em danos físicos, psicológicos, morais e sociais. Ela se manifesta através de agressões corporais e sexuais, ameaças, calúnias e difamações de uma pessoa para outra. No entanto, enxergar o fenômeno somente a partir da relação vítima e agressor é simplificar o cenário atual.
“A violência é transgeracional. Por isso, muitos dos agressores de hoje foram vítimas de ontem. Esses agressores têm em sua história elementos que os tornaram assim”, explica a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social e coordenadora do Núcleo de Saúde e Paz da Faculdade de Medicina da UFMG, Elza Machado de Melo. De acordo com a especialista, a experiência com a violência pode desencadear implicações físicas, psíquicas e sociais. “Sendo vítima da violência, a tendência é deixar traumas e sequelas que podem se expressar contra a própria pessoa, como a automutilação, ou contra o próximo, que são as agressões interpessoais”, pontua Elza.
Assim como a vítima, o agressor também deve passar por um acompanhamento para descobrir os motivos que o levou àquela atitude violenta e a melhor forma de reinseri-lo na sociedade. Porém, a falta de políticas públicas nesta área é, assim como a violência, um desafio a ser superado.
“Não existe uma política muito clara para o tratamento do agressor, para que ele se recupere e tenha uma vida social”, aponta a fonoaudióloga Doriana Ozólio, que defendeu uma dissertação de mestrado sobre casos de violência contra a mulher pelo Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência, da Faculdade de Medicina da UFMG. “Talvez implementar uma política nesse sentido seria importante para evitar que o agressor não pratique mais esses atos”, comenta.
Quebrando o silêncio
Além de seu caráter transgeracional, a violência também é crônica. Ou seja, ela pode se repetir por longos períodos caso nenhuma providência seja tomada. Um dos obstáculos é o silêncio das vítimas, que muitas vezes são próximas de seus agressores e acreditam que, de alguma forma, a situação vai se resolver sozinha. No entanto, essa crença pode trazer riscos maiores. “Se a violência é cometida e permanece silenciada, é um convite para que ela ocorra novamente”, explica a professora Elza Machado.
Outro motivo para o silêncio é a vergonha de relatar a agressão nos órgãos de saúde, com medo de represálias por parte dos funcionários. “A gente tem que trabalhar a humanização dos setores que recebem a vítima para que possamos romper essa cultura de silêncio acerca da violência”, conclui Elza.
Tema da semana
A violência pode se manifestar de diferentes formas e nem sempre deixa marcas visíveis. Por isso, o Saúde com Ciência, além de apresentar alguns dos tipos mais conhecidos, informa os meios de a vítima ou terceiros denunciarem os agressores. Confira a programação:
Violência sexual contra a mulher – segunda-feira (06/10/2014)
Violência doméstica – terça-feira (07/10/2014)
Violência psicológica e assédio moral – quarta-feira (08/10/2014)
Violência de gênero – quinta-feira (09/10/2014)
Desafios e obstáculos – sexta-feira (10/10/2014)
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h05, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 68 emissoras de rádio de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Estados Unidos. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.