Alergias alimentares: entenda reações e prevenção

Leite, ovo, trigo e frutos do mar são alguns dos principais alimentos relacionados a quadros de alergia alimentar


25 de junho de 2018


Leite, ovo, trigo e frutos do mar são alguns dos principais alimentos relacionados a quadros de alergia alimentar. Saiba mais na nova série do Saúde com Ciência

Marcos Paulo Rodrigues*

Você já ingeriu algum alimento e sentiu incômodos como coceira, gases ou diarreia? Para algumas pessoas, o contato com determinados alimentos pode trazer consequências que vão desde uma coceira na pele a casos mais complexos, como reações anafiláticas. Esses sintomas podem indicar quadros de alergia alimentar, mais comuns na infância. Nessas fase, as alergias podem ser superadas com mais facilidade do que na fase adulta.

Elas ocorrem quando há uma reação anormal a algum nutriente do alimento, que o organismo deveria tolerar e que, segundo a alergista, imunologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Fernanda Minafra, é mediada pelo sistema imunológico. “O indivíduo, às vezes, tem contato com o leite e não tolera aquele contato. Ele vai ter uma reação anormal e essa reação será mediada pelo sistema imunológico”, resume a professora.

De acordo com Fernanda, quase 90% das alergias alimentares resultam do consumo de alimentos como leite, ovo, trigo, soja, castanhas, peixes e frutos do mar. As manifestações mais frequentes dessas alergias são leves e podem envolver coceiras na pele, dificuldade de respiração ou sintomas gastrointestinais, como diarreias e sangramentos. Em crianças menores, a professora também destaca que elas podem comprometer o ganho de peso. Já em pessoas com sensibilidades muito intensas, elas podem se manifestar, inclusive, como reações anafiláticas.

Foto: pixabay.com

No caso dessas reações, mais graves e menos comuns, pode haver o fechamento da glote, impedindo a passagem de ar para os pulmões. O ideal é que o indivíduo que tem conhecimento da sua condição ande preparado, para o caso de acontecer um contato acidental com o agente alérgeno. Pode ocorrer, por exemplo, de a pessoa alérgica à camarão ir a um evento no qual um salgadinho foi frito na mesma gordura do camarão. “O paciente pode ter uma reação anafilática, mesmo com esse contato indireto. O ideal é que ele sempre tenha o que a gente fala que é adrenalina autoinjetável, além do anti-histamínico também perto. Após fazer a medicação, procurar um pronto-atendimento o mais rápido possível”, esclarece Fernada Minafra.

O tratamento mais simples para a alergia alimentar é evitar o contato com os alimentos citados e outros, de acordo com o caso apresentado. Existe ainda a possibilidade de tolerância com o aquecimento do alimento, que quebra a proteína responsável pela alergia, mas nem todos os indivíduos têm essa tolerância – o quadro deve ser melhor avaliado com um profissional da área.

Alergia, sensibilidade e intolerância alimentar

A principal diferença entre alergia, sensibilidade e intolerância alimentar se encontra no tipo de resposta que o organismo manifesta em contato com o alimento. A alergia, considerada uma hipersensibilidade, depende de uma reação imunológica do organismo para se manifestar clinicamente. Já a sensibilidade pode até envolver o sistema imunológico, mas não leva necessariamente à manifestação clínica. “Às vezes, o paciente até é sensível à camarão, mas não tem manifestação alérgica. Então, ele é só sensível àquilo”, compara a professora Fernanda.

A intolerância, por outro lado, não tem relação com o sistema imunológico. Segundo a professora, essa é uma dúvida comum associada, por exemplo, a intolerância à lactose. O indivíduo não produz uma enzima que digere a lactose, apresentando manifestações intestinais. “Ele fica cheio do açúcar no trato gastrointestinal e não digere aquilo porque não tem a enzima, e aí vai dar gases, às vezes diarreia, distensão abdominal, e não necessariamente tem o sistema imunológico associado”, pontua.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Redação: Marcos Paulo Rodrigues – estagiário de Jornalismo

Edição: Lucas Rodrigues