Tecnologia em implantes e aparelhos auditivos melhora qualidade de vida

Tema será discutido no Simpósio Franco-Brasileiro sobre Audição


13 de novembro de 2019 - , , , , ,


As tecnologias em implantes e aparelhos auditivos estão melhorando o uso desses equipamentos e promovendo qualidade de vida aos usuários. Além disso, seja pelo software utilizado ou pelo desenho do produto, novas versões também podem diminuir a rejeição. Esses temas serão abordados no Simpósio Franco-Brasileiro sobre Audição, que será realizado na Faculdade de Medicina da UFMG, nos dias 28 e 29 de novembro.

A professora do Departamento de Fonoaudiologia, Patrícia Mancini, explica que o avanço tecnológico em implantes cocleares permite que o paciente tenha mais possibilidades. “Hoje temos pacientes que escutam bem música e que podem fazer ressonância magnética sem risco, com até 3-tesla de campo magnético. O implante já não é um impedimento para essas atividades e não causa dano à cóclea”, afirma.

Implantes cocleares estão cada vez menores e melhores. Foto: Carol Morena

Outro ponto importante é que a parte externa do equipamento se tornou mais simples. “No início, os implantes cocleares eram grandes, com processador externo preso às costas por uma cinta e eletrodos que estimulavam menos o nervo. Os implantes estão cada dia menores e melhores”, conta a professora.

O alto custo desses equipamentos ainda é uma fronteira a ser explorada. No Brasil, eles podem ser fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das referências em Minas Gerais é o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva, operacionalizado pelo Hospital das Clínicas da UFMG. Pacientes encaminhados pelo sistema público são avaliados por equipe de otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos. Os casos que demandam implantes são encaminhados para cirurgia e recebem acompanhamento e terapia para reabilitação auditiva.  

Aparelho auditivo: equipamento que amplifica sons externos, que vão percorrer todo o ouvido danificado. Por não demandar cirurgia de instalação, é menos invasivo.
Implante coclear: equipamento que transforma as ondas sonoras em impulsos elétricos, enviados para eletrodos instalados na cóclea (no ouvido interno), estimulando diretamente os nervos. Pelo SUS, é indicado para casos de surdez profunda e bilateral.

Tecnologia aberta e lúdica

Um projeto da Escola de Engenharia da UFMG tenta democratizar e tornar aparelhos auditivos mais aceitos por pré-adolescentes com perda auditiva leve ou moderada. O equipamento terá tecnologia open-source (sem direitos autorais) e baixo custo.

O professor Eduardo Romeiro Filho, do Departamento de Engenharia de Produção, explica que a ideia surgiu de uma conversa com um colega da Universidade de Southampton (na Inglaterra), que comentava o baixo índice de aceitação dos usuários de aparelhos auditivos em relação a, por exemplo, usuários de óculos. “A hipótese do professor era que os óculos são bonitos e os aparelhos nem tanto, com o que eu particularmente concordo”, diz.

Ilustração: Kodi Uchida

Os aparelhos serão destinados a pré-adolescentes com idades entre 8 e 12 anos. “Como designer e professor da área de projeto de produtos, considero que a questão é que os óculos (projetados por designers) são considerados bonitos e, portanto, desejados. Pelo menos não causam uma impressão ruim ou o estigma de um equipamento ligado a uma deficiência”, conta Romeiro. A ideia – que partiu de uma pesquisa já desenvolvida pelo grupo de Southampton – conta com equipe de alunos de graduação em Engenharia de Produção e Engenharia de Sistemas da UFMG.

Atualmente em fase de desenvolvimento de software e hardware, o projeto aposta na tecnologia aberta para disseminação pelo mundo. “A tecnologia aberta tem um potencial maior para disseminação e, além disso, possui um caráter de trabalho cooperativo que é muito interessante neste tipo de projeto. Se as coisas funcionarem bem, poderemos ter grupos de pesquisa (ou mesmo colaboradores individuais) em diferentes países para a melhoria do aparelho e criação de soluções destinadas, por exemplo, às necessidades específicas das populações locais”, afirma o professor.

Esses avanços tecnológicos para aparelhos e implantes serão temas de debates no 2º Simpósio Franco-Brasileiro sobre Audição. O evento terá participação dos professores Eduardo Romeiro e Patrícia Mancini.

O Simpósio

A segunda edição do Simpósio Franco-Brasileiro sobre Audição é uma promoção da Faculdade de Medicina da UFMG em parceria com Universidade Clermont-Auvergne, da França, e será realizado nos dias 28 e 29 de novembro, trazendo como tema “genética, cognição e tecnologia”. Sua programação conta com pesquisadores de renome nacional e internacional em palestras, mesas-redondas, workshops e outras apresentações.

As inscrições ainda estão disponíveis pelo site.

O evento é voltado aos estudantes e profissionais das áreas de Saúde, como otorrinolaringologistas, geriatras, pediatras, fonoaudiólogos, audiologistas, especialistas em linguagem, além das áreas de Educação e Engenharia ou demais interessados pelo assunto.

Confira a programação aqui.