Cirrose: o que é, causas e consequências

Doença é mais comum na população masculina, mas pode se desenvolver mais rapidamente nas mulheres


23 de julho de 2018


Doença é mais comum na população masculina, mas pode se desenvolver mais rapidamente nas mulheres. Saiba mais na nova série de rádio

Abuso de bebidas alcoólicas, infecções crônicas pelos vírus das hepatites B, D e C, uso crônico de determinados medicamentos. Essas são algumas das principais causas da cirrose, forma avançada da doença hepática. De modo crônico e progressivo, esses fatores causam inflamação, morte das células do fígado e regeneração celular, dentre outras consequências, resultando em fibrose, formação de nódulos e comprometimento da função do órgão.

Na população masculina, uma dose de 30 a 40 gramas de álcool por dia, ingerida por um período de cinco anos, pode causar cirrose hepática. Já entre pessoas do sexo feminino, o quadro pode se desenvolver na metade do tempo, isto é, com a mesma quantidade diária de álcool em um período de dois anos e meio. “A mulher é mais vulnerável, pois o álcool tem uma atração pela gordura e a distribuição de gordura no corpo da mulher é diferente daquela observada no homem. O álcool permanece por mais tempo na corrente sanguínea. Ainda, há uma ‘deficiência’ das enzimas que metabolizam o álcool nas mulheres, o que pode agravar as lesões do fígado”, explica a professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana Diniz.

Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que cerca de 20% das infecções crônicas pelo vírus da hepatite C evoluem para cirrose hepática. Alterações vasculares, hepatite autoimune e o acúmulo de cobre ou de ferro no fígado – quadros conhecidos, respectivamente, como Doença de Wilson e hemocromatose –, também são causas importantes associadas à cirrose. Segundo Luciana Diniz, alguns pacientes, especialmente nas fases iniciais da doença, não apresentam quaisquer sinais ou sintomas, o que é chamado de cirrose hepática compensada.

O quadro pode ser descoberto pela identificação de alterações no exame físico, como aumento do baço e fígado, emagrecimento, icterícia e aparecimento de lesões na pele denominadas aranhas vasculares. A professora afirma que ele pode evoluir e atingir a forma descompensada. “Essa forma se caracteriza pela piora da icterícia, confusão mental, ascite, que é o acúmulo de líquido na cavidade abdominal, e hemorragia digestiva, com vômitos e evacuações com sangue”, resume. De acordo com a gravidade da doença, o transplante do fígado se torna a única forma de tratamento.

Transplante do fígado

O transplante do fígado é uma opção de tratamento para a cirrose hepática grave e consiste na substituição do órgão insuficiente por um com boas condições de funcionamento. A hepatite crônica pelo vírus da hepatite C e a cirrose alcoólica representam cerca de 50% das etiologias que levam pacientes adultos ao transplante do fígado, de acordo com o MS.

Segundo a professora Luciana Diniz, a melhora alcançada com o tratamento antiviral dos vírus da hepatite B ou C pode fazer com que pacientes deixem as listas de transplante hepático. Com o uso da terapia antiviral, é possível que ocorra certo grau de regressão da fibrose do fígado, melhora da função do órgão e interrupção da evolução para casos mais graves de cirrose.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.