Colesterol: entenda as mudanças nos valores de referência

Novas diretrizes tornam mais rigoroso o controle dos níveis de gordura no sangue. Saiba mais na nova série do Saúde com Ciência.


22 de setembro de 2017


Novas diretrizes tornam mais rigoroso o controle dos níveis de gordura no sangue. Saiba mais na nova série do Saúde com Ciência

No último mês de agosto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alterou os índices de referência para o colesterol seguindo as novas diretrizes internacionais. A mudança torna o controle das taxas mais rigoroso e influencia principalmente as pessoas com algum risco cardíaco. O limite do LDL, conhecido como mau colesterol, foi reduzido de 70 para 50 mg/dl para indivíduos com risco considerado muito alto.

Fazem parte desse grupo portadores de aterosclerose, que é o acúmulo de gordura na parede das artérias, e quem já sofreu infarto ou derrame. Pessoas com diabetes ou doenças renais devem manter o LDL abaixo de 70 mg/dl. Já o limite recomendado para quem não apresenta nenhum fator de risco é de 130 mg/dl. A taxa de colesterol total também foi reduzida de 200 para 190 mg/dl.

Em 2016, mais de 350 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência de doenças cardiovasculares, quase 30% dos óbitos registrados no país, e o colesterol alto é uma das principais causas dessas doenças. A cardiologista e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade Medicina da UFMG, Rosália Morais, afirma que, geralmente, indivíduos com altos níveis de colesterol no sangue não apresentam sintomas. “A primeira manifestação da doença pode ser o infarto agudo do miocárdio, um derrame ou obstrução de uma artéria renal, levando à insuficiência renal crônica. Uma artéria periférica também pode ser obstruída”, alerta.

Hábitos de vida inadequados, como a ingestão regular de alimentos ricos em gorduras saturadas, caso das frituras, além do sedentarismo, são as principais causas do colesterol alto. Há também um componente genético que pode levar à hipercolesterolemia familiar, apesar de esse tipo de ocorrência ser raro.

Frituras e outros alimentos ricos em gorduras, representados à esquerda, são fontes do LDL, o mau colesterol. Ilustração: Juliana Guimarães

Importância do colesterol

Muitas vezes chamado de vilão, o colesterol é, na verdade, uma substância fundamental para o organismo humano, já que participa da produção de hormônios e vitamina D, além de ajudar a manter a estabilidade das células. Parte do colesterol é produzida pelo fígado enquanto outra é obtida por meio da alimentação e hábitos saudáveis.

As principais lipoproteínas que transportam o colesterol pelo corpo são o LDL e o HDL, conhecido como o bom colesterol. O LDL leva o colesterol do fígado para os tecidos e o HDL retira esse colesterol dos tecidos, evitando o acúmulo de gordura na parede das artérias. “Os níveis de HDL aumentam com a ingestão de alimentos ricos em gorduras monoinsaturadas, como peixes de água fria, azeite de oliva, óleos de soja, granola e linhaça”, destaca a também cardiologista e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade, Rose Mary Lisboa.

Segundo a professora, exercícios físicos vigorosos, caminhadas de pelo menos trinta minutos, descer e subir escadas também favorecem a produção do bom colesterol. Caso a dieta e atividades físicas não sejam suficientes para reduzir os níveis do LDL, o médico responsável deve prescrever o uso de medicamentos, como as estatinas.

Jejum não é mais obrigatório

Outra mudança promovida pela SBC é o fim da obrigatoriedade do jejum para o exame de colesterol. “Em condições habituais, a pessoa não fica em jejum por 12 horas seguidas. Quando isso ocorre, a medida do colesterol não reflete o metabolismo basal da pessoa”, esclarece a professora Rosália Morais.

Por outro lado, o profissional da saúde pode solicitar ou não o jejum para o exame de triglicérides, importante reserva de energia para o organismo. Nesse caso, a realização do jejum deve ser descrita no resultado do exame. Já as pessoas que têm diabetes além do colesterol alto devem ficar pelo menos oito horas sem se alimentarem, antes da dosagem de glicose no sangue.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Redação: Warlen Valadares | Edição: Lucas Rodrigues