Debate sobre interfaces das medicinas ocidental e indígena marca aula aberta com profissionais de saúde e pajés

Aula foi conduzida por representantes das etnias Omágua, Huni Kuĩ e Kaxixó.


01 de junho de 2022 - , , , ,


Adana Omágua, médica formada pela UFMG. Foto: Faculdade de Medicina da UFMG.

A Faculdade de Medicina da UFMG recebeu ontem, dia 31 de maio, aula aberta com tema “Os povos Huni Kuĩ/Kaxinawá e Omágua/Kambeba: Tradições e Rituais de Tratamento e Cura”. No evento, foram discutidas as interfaces das medicinas ocidental e índigena. 

Durante a aula, palestraram a médica formada na UFMG, Adana Omágua (nome ocidental: Danielle Soprano); o estudante de Medicina da UFMG, Otávio Kaxixó; e os indígenas Bane e Nixiwaka, do povo Huni Kuĩ, pajé e cantador tradicional, respectivamente. A atividade é parte da disciplina Perspectivas Globais da Saúde Indígena, ofertada pelo Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS) no contexto de formação transversal internacional da UFMG, coordenada pelo professor do MPS, Ulysses Panisset.

Adana fez um histórico sobre as discussões de saúde indígena no Brasil, elencou desafios enfrentados pelos povos aldeados na região Norte do país e descreveu algumas espécies de plantas medicinais e seus usos. “A medicina não chegou ao Brasil com os europeus. Essa ideia nega a existência da medicina indígena. Como os povos indígenas enfrentaram as adversidades durante os milhares de anos que viveram antes da chegada dos europeus?”, questionou a médica, que atualmente está em formação para se tornar pajé.

A atividade incluiu tradições das três etnias representadas na mesa, com cantos no início de cada apresentação. Bane Huni Kuĩ e Nixiawaka Huni Kuĩ apresentaram um canto tradicional feito pelo povo Huni Kuĩ entoado para chamar bons espíritos quando chegam a um novo espaço. Após a saudação, falaram das suas experiências sobre saúde nos territórios indígenas.

O estudante Otávio Kaxixó falou sobre a vivência no dia a dia do ensino na área da saúde, sobre políticas públicas voltadas para a população aldeada e sobre o histórico das Vagas Suplementares para Estudantes Indígenas na UFMG, que atualmente é um programa permanente. “Hoje entendo minha presença aqui como resistência e consigo lidar com as diversas situações que podem ocorrer. Ter retornado para minha comunidade por um período me fortaleceu. Falar da minha origem é motivo de orgulho”, afirmou. 

A diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, professora Alamanda Kfoury, que assistiu às apresentações, celebrou a atividade como forma de visão mais global do conceito de saúde. “Esta aula mostra a diversidade da universidade e vai no caminho da saúde que defendemos, que é integral e humana”, pontuou.

Veja fotos do evento:

* Fotos: Faculdade de Medicina da UFMG.