Dia mundial do Diabetes: obesidade e sedentarismo aumentam prevalência da doença


14 de novembro de 2018


Hábitos de vida  influenciam no surgimento do diabetes mellitus tipo 2

                                                                                                            * Jayne Ribeiro

A prevalência de diabetes tipo 2 no país cresceu 61,8% nos últimos 10 anos, conforme revelou estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com médico endocrinologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Josemar de Almeida Moura, alguns fatores aumentam a prevalência desse tipo de diabetes, que afeta a forma como o corpo metaboliza a glicose. Maus hábitos alimentares, excesso de peso e sedentarismo estão entre eles.

Foto: pixabay.com

Geralmente, o diabetes tipo 2 aparece a partir dos 40 anos de idade. De acordo com o professor, é preciso ficar atento ao excesso de peso e hábitos de vida. “Existem pesquisas que mostram aumento da prevalência da obesidade. A cultura ocidental, como um todo, e a nossa cultura, como brasileiros, é muito calcada no excesso da alimentação calórica e pouco nutritiva”, analisa.

Por isso, a orientação é para que pessoas com histórico familiar da doença evitem o consumo de embutidos e alimentos com muito carboidrato. “A diabetes é uma doença silenciosa, em termos de sintomas. A pessoa pode estar diabética há pelo menos cinco anos, quando aparecerem os primeiros sinais. É muito importante que aqueles que têm casos familiares ou que estão acima do peso e são sedentárias, busquem orientação médica para assim prevenir a doença”, aconselha.

O diagnóstico precoce da doença também pode retardar o início do diabetes e controlar possíveis complicações. Em alguns casos, é possível descobrir a doença antes que o paciente se torne de fato diabético. Porém, segundo o especialista, muitas pessoas têm medo da doença e, por isso, não pesquisam sobre ela ou buscam acompanhamento clínico.

Diabetes, economia e saúde 

Josemar aponta que o diabetes implica em despesas altas para o Sistema Único de Saúde (SUS), devido a internações prolongadas e procedimentos cirúrgicos. Em alguns casos, a doença pode culminar na incapacidade ao trabalho. “É uma doença crônica, de evolução lenta e progressiva, que aumenta a prevalência de outras doenças graves, principalmente cardíacas. Por isso, também aumenta o número de cirurgias cardíacas como cateterismo e internações em CTI”, explica.

O endocrinologista destaca que a prevenção e o combate à doença é fundamental para um país que almeja qualidade de vida para seus habitantes. Para ele, são necessárias a criação de políticas públicas que estimulem hábitos de alimentação saudáveis, além da prática de atividades físicas. “Trabalhos ligados às escolas, comunidades e igrejas, entidades que reúnem pessoas, são essenciais. As escolas deveriam ter programas que orientassem os alunos sobre a importância de uma vida saudável. Esses jovens poderiam levar esse novo aprendizado para dentro de suas casas, tornando a ação coletiva”, argumenta o professor.

O médico, porém, destaca que para esses projetos serem eficazes é indispensável uma mobilização coletiva. “São sugestões, mas essas ações devem ser disseminadas de forma coletiva, para a mobilização da população. A mídia, por exemplo, ao invés de incentivar o consumo de produtos industrializados, deveria disseminar conceitos de boa alimentação”, conclui.

* Jayne Ribeiro – estagiária de Jornalismo 

Edição: Karla Scarmigliat