Diabéticos e hipertensos estão mais propensos à doença renal crônica

Enfermidade pode ser a 5ª causa de mortes em 2040, apontam estudos


18 de março de 2022 - , , , , ,


*Maria Beatriz Aquino

Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) aponta que a doença renal crônica já afeta uma em cada 10 pessoas no mundo. Porém, a maior parte não têm conhecimento do diagnóstico da doença, que ao longo dos anos provoca a perda da capacidade dos rins em exercer funções como filtrar e eliminar substâncias nocivas. Por serem mais propensas a desenvolverem a enfermidade, pessoas com diabetes e hipertensão devem ser avaliadas e acompanhadas, também, do ponto de vista renal.

No programa de rádio “Saúde com Ciência” desta semana, a convidada e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Kátia de Paula Farah, explica que a doença renal crônica é silenciosa, costuma não apresentar sintomas nos estágios iniciais e, por isso, há emergência em diagnosticá-la precocemente.

“Ao longo dos anos [a comorbidade] pode levar a uma lesão renal, que acomete a função dos rins. Isso prejudica tanto a qualidade de vida desse indivíduo, podendo comprometer sua saúde”, esclarece a médica nefrologista.

Os sinais da doença começam a surgir quando o órgão passa a ter comprometimento moderado da função renal, o que provoca maior dificuldade no controle da pressão arterial, inchaço nos pés e pernas e deixar a urina mais espumosa. Mas tudo isso pode se agravar com o tempo.

“Na fase final, conhecida como insuficiência renal, os sintomas são mais prevalentes: aí a perda da capacidade de concentração da urina, pressão de mais difícil o controle, o inchaço nas pernas pode ser mais acentuado, em alguns casos aparece anemia e dor óssea”, exemplifica.

Mas para as pessoas que têm diabetes e hipertensão esse sintomas podem ser comuns e, com isso, confundidos. Por isso, existem exames específicos que conseguem estabelecer um diagnóstico de possível alteração pela doença renal. Um deles é realizado através do sangue, que analisa o nível de creatinina. Outro exame é feito através de urina, que pode indicar perda de proteína ou presença de sangue.

Grupos de risco

A professora ressalta, ainda, que as causas para o desenvolvimento da doença renal crônica não estão apenas em enfermidades como diabetes e hipertensão. O histórico familiar também pode contribuir, principalmente quando identificadas doenças relacionadas a esta em parentes de 1º grau que já necessitaram de tratamento dialítico ou são transplantados.

“História familiar é algo importante da gente sempre precisa pesquisar quando avalia esses pacientes. Algumas doenças podem ser geneticamente determinadas. Como o caso de uma história familiar que já é acometida pela doença renal policística, por exemplo, ou outras doenças hereditárias”.

Tratamento

Ainda segundo a SBN, o Brasil apresenta 140 mil pacientes que sofrem com os casos mais graves da doença renal e precisam realizar diálise. O tratamento constitui, essencialmente, em medicamentos para controlar a pressão arterial e para reduzir a perda de proteína na urina. Nas fases em que já exista anemia ou doença óssea, é possível tratar antes que evolua para fase crítica ou necessite de diálise, conhecida como a fase de tratamento conservador.

“A ideia é sempre tratar precocemente para impedir o desenvolvimento. Muitas vezes os pacientes podem desenvolver ao longo dos anos, e não ir a óbito em função da doença, mas sim por comprometimento de outra enfermidade”, assinala Kátia.

Saúde com Ciência

Os rins são um dos principais alvos dos casos graves da covid-19. Por outro lado, quem tem doença renal crônica pode estar mais suscetível a complicações desse vírus. Saiba mais no programa de rádio “Saúde com Ciência”.

programa é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

*Maria Beatriz Aquino – estagiária de Jornalismo
edição: Karla Scarmigliat