Dieta livre de glúten é indicada para casos restritos

Nova série do Saúde com Ciência investiga importância da proteína e os casos em que ela deve ser eliminada da dieta


29 de fevereiro de 2016


Nova série do Saúde com Ciência investiga importância da proteína e os casos em que ela deve ser eliminada da dieta

ImpressãoContém ou não contém glúten – o aviso tem destaque na maioria dos rótulos de alimentos industrializados, como o pão e o macarrão. Isso porque a proteína, presente nos derivados do trigo, centeio e cevada, é o agente causador de um problema autoimune que acomete 1% da população mundial: a doença celíaca. Nos últimos tempos, porém, surgiram outros adeptos da chamada dieta livre de glúten, relacionada a melhorias estéticas e de saúde.

Dentre esses adeptos, esportistas de alto rendimento já associaram um melhor desempenho à dieta restritiva. Relação que é ponderada pelo gastroenterologista pediátrico e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciano Péret Filho: “Existe um caso mais comentado, que é o do tenista Novak Djokovic, mas ele fez testes de intolerância ao glúten e seus anticorpos estavam alterados. Então ele teve um grande benefício. Talvez se ele fizesse a restrição para emagrecimento ou outro fim não tivesse vantagens”, exemplifica.

O professor também lembra que retirar o composto proteico da alimentação pode ser tarefa complicada, uma vez que o glúten é encontrado em boa parte dos alimentos consumidos pela população brasileira, como farinhas e pães. “Está na moda essa retirada sem qualquer comprovação de que existe algum problema. Uma dieta sem glúten só faz sentido se você tem intolerância contra a proteína”, ressalta.

Com opinião semelhante, a professora da Faculdade de Medicina, Paula Valadares, acrescenta que a dieta pode sim proporcionar emagrecimento e um corpo mais saudável, mas talvez a retirada do glúten não seja responsável pela mudança. Isso porque os indivíduos deixam de consumir alimentos ricos em carboidratos, gorduras e açúcares. “Não tem justificativa [realizar a dieta] se a pessoa não tem uma restrição alimentar, como é o caso da doença celíaca”, afirma.

O glúten oferece os mesmos benefícios de outros compostos proteicos e retirá-los pode trazer carências ao organismo. Para os profissionais, o ideal é adotar uma dieta equilibrada, à base de proteínas e nutrientes diversos, aliada à prática de atividades físicas.

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Existem diversas opções de pão com e sem glúten. Foto: Reprodução | Blog Dasmarias

Alergias e intolerâncias ao glúten

Se o glúten pode ser muito bem digerido pelo organismo do indivíduo, ele também provocar reações alérgicas e sensibilidades. Na intolerância ou sensibilidade ao glúten não celíaca, gases, dores abdominais e diarreia são reações comuns. A proteína pode danificar as paredes do intestino delgado, mas essa intolerância não é crônica como a doença celíaca, que afeta principalmente as mulheres.

Paula Valadares define a doença celíaca: “Ela atinge o intestino e desencadeia uma reação imunológica contra o glúten. Então, o intestino reconhece aquele alimento como algo que não faz bem para o corpo, o que causa reações inflamatórias para combatê-lo”. Dentre os sintomas, estão a diarreia, baixo peso e estatura, anemia que não melhora e fraqueza óssea.

O diagnóstico é feito a partir da detecção desses sintomas, combinada com um exame de sangue chamado de sorologia e, se necessário, a realização da biópsia do intestino. Segundo Paula, quanto mais cedo é realizado o diagnóstico, menos a pessoa vai sofrer com os efeitos adversos da doença celíaca, como o comprometimento da altura. “Então, os médicos e a população devem estar atentos aos sintomas, para que as pessoas não tenham que lidar com as consequências para o resto da vida”, conclui.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência apresenta a série “Com ou Sem Glúten?” entre os dias 29 de fevereiro e 4 de março de 2016. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

Ele também é veiculado em outras 174 emissoras de rádio, distribuídas em todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.