Dor: crônica ou aguda?
Dor crônica é uma queixa de mais de 30% da população do Brasil. Faculdade criou projeto de extensão para tratamento de pacientes.
04 de abril de 2024 - cirurgia, dor, Dor crônica, projeto de extensão, saúde com ciência
De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor, pelo menos 37% da população brasileira relata sentir dores crônicas. Segundo a professora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Michelle dos Santos Costa, a principal característica da dor crônica é sua duração.
Ela explica que existem dois tipos principais de dor, aguda e crônica. A dor aguda seria a resposta do corpo a um trauma como a fratura de um osso, ou a realização de um corte em alguma parte do corpo. “A dor crônica já é um processo que acontece quando essa dor tem uma duração prolongada. E, nesse caso, não necessariamente temos uma doença específica ou uma lesão específica levando ao seu desenvolvimento. A maioria das pesquisas falam que a dor crônica acontece quando o paciente tem dor por mais de três, ou até seis meses, dependendo da referência”, continua a professora.
Ela segue, esclarecendo que a dor crônica está, muitas vezes, relacionada a alterações funcionais do paciente, e a um grande comprometimento psíquico. A questão emocional, de acordo com ela, se torna um fator de importância quando o paciente desenvolve dor crônica.
“As principais causas de dor crônica que a gente tem hoje, no Brasil e no mundo, são as cefaleias, as dores de cabeça. Vários tipos diferentes de dores de cabeça causam dor crônica. Os pacientes chegam a ficar anos com dores de cabeça. As lombalgias, que são as dores na coluna, são muito comuns também. Com o envelhecimento da nossa população, a gente tem cada vez mais o desenvolvimento das osteoartrites, que são as artroses ou o desgaste das articulações, é uma causa muito prevalente de dor osteomuscular, que muitas vezes é uma dor crônica.”
Professora Michelle dos Santos Costa
A professora Michelle Costa afirma que existem ainda outras causas para a dor crônica. Ela lista doenças neurológicas como o acidente vascular cerebral (AVC) e a fibromialgia como outros diagnósticos que podem causar dor crônica aos pacientes.
Um ano sem dor
A Faculdade de Medicina da UFMG possui um projeto de extensão que visa tratar pacientes com dor crônica. Chamado “Um ano sem dor”, o projeto foi pensado pela professora Michelle Costa no ambulatório do dor do Hospital das Clínicas da UFMG. De acordo com ela, o ambulatório recebe muitos pacientes, sobrecarregando a equipe médica disponível para o atendimento.
Pensando nisso, o projeto de extensão busca acompanhar os pacientes com dor crônica pelo período de um ano. Após esse período, ele voltaria para o atendimento na atenção básica à saúde.
O projeto tem como intenção a admissão do paciente na clínica de dor, realizar uma avaliação multidimensional, analisando a intensidade da dor, a presença de transtornos de ansiedade ou depressão, a funcionalidade, a qualidade de vida e do sono do paciente. A partir disso, o projeto almeja educar o paciente, com profissionais médicos, psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas.
O projeto envolve estudantes de pós-graduação que se especializam em dor, além dos alunos de graduação de todas as áreas da saúde envolvidas no ambulatório.
Para saber mais sobre o projeto, ou para se inscrever, clique aqui.
Saúde com Ciência
No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre a dor crônica. Falaremos sobre os sintomas, o tratamento e os diagnósticos associados a esse tipo de dor. Abordaremos também a dor crônica em crianças, adultos e pacientes em cuidados paliativos.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.