Ensaio clínico mostra que vacina experimental de prevenção ao HIV é segura, porém ineficaz

Projeto internacional com participação da Faculdade de Medicina da UFMG, Mosaico será encerrado nas próximas semanas.


20 de janeiro de 2023 - , , ,


Imagem: Captura de tela do site.

A Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac) da Faculdade de Medicina da UFMG informa que o estudo internacional Mosaico, que testava uma vacina experimental inédita contra a infecção pelo vírus HIV, será encerrado nas próximas semanas. Os resultados do estudo demonstraram que, apesar de seguro, o produto testado infelizmente é ineficaz. 

Segundo os pesquisadores, o produto avaliado não elevou os níveis de proteção de forma satisfatória, se comparado ao grupo que recebeu placebo. Participaram dos testes em Belo Horizonte 117 voluntários, que já foram informados pela equipe da UPqVac sobre o fim do ensaio clínico. 

Durante todas as visitas de acompanhamento, os participantes foram orientados e estimulados à utilização de métodos de prevenção ao vírus já validados, na chamada prevenção combinada. Haverá um último encontro presencial para finalização dos protocolos de pesquisa e reforço das orientações quanto à prevenção da infecção.

Além do Brasil, outros oito países participaram da iniciativa. O estudo estava na fase de ensaio clínico 3. Ao todo foram 3.900 participantes ao redor do mundo. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito da Rede HVTN e financiada em colaboração com a Johnson & Johnson. O objetivo era gerar proteção para vários subtipos de HIV. Para isso, era utilizado a tecnologia de vetor viral (o adenovírus 26) e a proteína gp140. O produto contém cópias sintéticas (fabricadas em laboratório) de pedaços de HIV e que, portanto, não podem causar infecção.

O professor da Faculdade de Medicina que está à frente da pesquisa em Belo Horizonte, Jorge Andrade Pinto, ressalta que resultados negativos também fazem a ciência avançar. “A vacina contra o HIV continua sendo um grande desafio, mesmo depois de mais de três décadas de estudos. O Mosaico teve os mais altos padrões científicos e tecnológicos e, certamente, contribuirá para entendermos os mecanismos que o vírus utiliza para burlar a vigilância imunológica dos seres humanos”, afirma.

Ele reforça que, mesmo sem uma vacina, seguem valendo as iniciativas de prevenção combinada ao HIV, com medidas biomédicas, comportamentais e estruturais. Entre as ações estão a profilaxia pré-exposição (PrEP), a profilaxia pós-exposição (PEP), a redução de danos, os métodos de barreira (como os preservativos) e as políticas públicas para a área. 

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