Especialista explica o que fazer em caso de acidentes com animais peçonhentos

Orientação é tentar identificar o animal e procurar atendimento médico o quanto antes


31 de janeiro de 2023 - , , , , ,


Os acidentes com animais peçonhentos, como cobras, escorpiões, lagartas, aranhas, entre outros, totalizaram mais de 1,2 milhão de casos no Brasil, entre 2017 e 2021, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Para evitar complicações decorrentes do contato com o veneno dos animais, é importante saber como agir nessas situações.

Após a picada, é necessário lavar o local afetado com água e sabão, mantê-lo elevado e tirar objetos que possam garrotear o membro, como relógios, pulseiras e anéis. Caso o paciente tenha reação alérgica, o indicado é retirar aparelhos dentários móveis ou próteses, se tiver, para o paciente não engasgar.

Animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno e têm condições naturais para introduzir essa substância em presas ou predadores.

“Não dar nada para essa pessoa comer ou beber, especialmente algo que possa alterar o nível de senso e percepção dela; não amarrar, espremer ou chupar a perna ou o dedão do pé da outra pessoa; não colocar fezes; não tomar ‘garrafada’, que o pessoal coloca a cobra dentro da cachaça e bebe. Não é para fazer nada disso”, alerta a professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana Silveira, convidada do Saúde com Ciência desta semana.

O recomendado é buscar atendimento médico logo em seguida, seja levando o paciente até o hospital ou ligando para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), pelo 192. Entretanto, se a pessoa estiver inconsciente, a remoção não é indicada, pois há riscos à saúde dela.

“É pouco provável que, nesses quadros de ofídicos (acidentes por cobras), principalmente, ela fique inconsciente. A não ser que ela tenha caído de algum lugar ou batido a cabeça ou tenha tido uma convulsão, o que não é muito comum nesses primeiros momentos”, completa a especialista.

É necessário identificar o animal?

A identificação da espécie ou das características dela, após o acidente, auxilia no atendimento ao paciente, pois facilita aos profissionais de saúde na diferenciação de um animal peçonhento de outro que não seja e, assim, escolher a melhor forma de tratamento. Em caso de inoculação de veneno, é utilizado soro específico para aquele tipo de acidente.

Para ajudar na identificação, as pessoas podem tirar foto do animal ou até mesmo coletá-lo para levar ao hospital, se já estiver morto. Mas o recomendado é não interagir com ele.

“A orientação não é coletar o animal se ele estiver vivo e a gente tentar só identificar algumas características para ajudar aquela vítima que vai ser atendida”, conclui a professora Luciana Silveira.

Para entender mais sobre as características dos animais peçonhentos e sobre os principais acidentes, consulte o material do Curso de Medicina Rural do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da UFMG.

Em caso de acidentes por animais peçonhentos, busque atendimento médico. Caso a remoção não seja possível, ligue para o Samu pelo 192. Em caso de dúvidas, ligue para o Disque Intoxicação pelo número 0800-722-6001. A ligação será transferida para um dos 36 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciats), que estão espalhados em 19 estados brasileiros.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana conversa sobre dois dos principais acidentes com animais peçonhentos, dá dicas de prevenção e o que fazer em caso de picadas ou contato com o veneno.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.