Estresse pode ser causado pelo ambiente de trabalho

Saúde com Ciência reapresenta série que investiga as principais causas e consequências do estresse ocupacional


14 de abril de 2017


Saúde com Ciência reapresenta série que investiga as principais causas e consequências do estresse ocupacional

Nervosismo, irritabilidade, dificuldade de relaxamento e aceleração para atender as demandas do trabalho: esses são sintomas comuns ao estresse da atividade ocupacional. Muitas vezes, após ter esses sinais identificados e acompanhados, o indivíduo retorna ao espaço que impulsionou o distúrbio que foi desenvolvido. Mas afinal, o ambiente de trabalho pode ter sido a causa desse estresse?

De acordo com a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Ada Ávila, o estresse ocorre por meio de uma relação particular entre sujeito e ambiente, ou seja, o ser humano desenvolve o distúrbio ao conviver com elementos estressores característicos do seu meio de trabalho.

Dentre esses elementos, destacam-se problemas de comunicação, regras excessivas, falta de equipamento adequado, relações distantes e hierárquicas. Ada lembra que as reações aos fatores estressantes são distintas em cada ser humano: “Um mesmo estressor pode provocar respostas muito diferentes a depender do indivíduo”. Além disso, outros âmbitos da vida dessa pessoa podem ser afetados, como família e amigos, comprometendo seu espaço de recuperação. “É um ciclo, se o indivíduo não se recupera na vida extra-trabalho, no dia seguinte ele vai estar menos disposto”, afirma a professora.

Hábitos nocivos, como alcoolismo, tabagismo e uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, estão entre as principais consequências do estresse ocupacional. A situação também induz a pessoa ao sedentarismo, o que aumenta a possibilidade de surgirem doenças cardiovasculares, gastrointestinais e músculo-esqueléticas.

Para resolver o problema, Ada Ávila aposta em uma mudança no meio de trabalho: “Se é no ambiente em que se encontram os estressores, a primeira medida é identificá-los e ver como eles podem ser transformados”. Alimentação equilibrada e prática regular de exercícios físicos são outros meios de prevenção e, em casos mais graves, são recomendados tratamentos psicológicos ou medicamentosos.

Programa de rádio reprisa série dedicada ao estresse ocupacional. Foto: Reprodução

Profissões mais estressantes

A especialista citou no ano passado, quando o programa foi ao ar pela primeira vez, algumas profissões mais vulneráveis aos agentes estressores do ambiente de trabalho. Dentre elas, destacam-se os profissionais que exercem o magistério. Pesquisa mais recente feita pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) analisou o nível de estresse dos professores do ensino fundamental da rede estadual de São Paulo.

Os dados revelaram que mais de 56% dos entrevistados sofriam com o estresse ocupacional. Os principais sintomas relatados foram cansaço, sensação de desgaste físico, tensão muscular, irritabilidade e ansiedade. Pessoas do setor de segurança, como agentes penitenciários, policiais e bombeiros, e trabalhadores da indústria, que são submetidos às linhas de produção, também apresentaram maiores chances de desenvolverem quadros graves de estresse.

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 185 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Redação: Bruna Leles | Edição: Lucas Rodrigues