Fake news podem trazer impactos negativos à saúde pública
Saúde pública pode ser afetada se não forem filtradas as fontes das notícias
20 de agosto de 2018
Saúde pública pode ser afetada se não forem filtradas as fontes das notícias. Saiba mais na nova série do Saúde com Ciência
Nathalia Braz*
A veiculação e compartilhamento de informações falsas na área da saúde, por meio de redes sociais, blogs, sites ou aplicativos de mensagens, podem trazer consequências sérias à saúde individual e coletiva. Esses impactos podem envolver, por exemplo, tratamentos questionáveis, alterações metabólicas do indivíduo e cobertura vacinal. No enfrentamento das chamadas fake news, deve-se aprender a filtrar as notícias e saber em quais veículos confiar.
A divulgação de notícias que questiona a segurança das vacinas, sem o devido embasamento, preocupa a infectologia e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Marise Fonseca. A cobertura vacinal atual contra o sarampo e a poliomelite, doenças que eram consideradas erradicadas no Brasil, está abaixo da meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 95% das crianças até os cinco anos de idade. “Às vezes, as doenças controladas por campanhas que vêm ocorrendo ao longo do tempo são perdidas, a cobertura cai e a possibilidade de reintrodução de um vírus controlado, por exemplo, acontece e traz prejuízo à comunidade inteira”, alerta.
A circulação de notícias sobre vacinas perigosas, dietas milagrosas, alimentos que curam doenças graves e tratamentos alternativos para essas doenças também preocupa Marise Fonseca. “Muitas vezes, as pessoas veiculam notícias falsas sobre tratamentos alternativos de doenças sérias e as pessoas acabam abandonando tratamentos que são comprovadamente eficazes. E passam a experimentar outros, que não têm comprovações científicas”, exemplifica a professora.
Já a nutricionista e professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Adaliene Versiani, lembra que estudo publicado neste ano na revista Science atesta que fake news se propagam com velocidade superior às notícias verdadeiras. Para ela, a divulgação e compartilhamento das notícias devem ser filtrados, tanto pela incerteza da veracidade dos depoimentos das fontes quanto pela interpretação de determinada informação. A pessoa pode até se basear em um artigo científico ou fonte confiável, mas, se existir uma avaliação distorcida do assunto, haverá prejuízo no sentido passado pela informação.
As fake news são uma tendência nas áreas política, econômica e mesmo histórica, devido às trocas de informações e possibilidades de interação social proporcionadas pela internet. Hoje, segundo Adaliene Versiani, a mídia é muito mais diversa e as fontes de saberes são menos restritas a especialistas e estudiosos em dado assunto. Ela acredita que a seleção de notícias em tempos remotos era mais criteriosa. “As fontes eram de profissionais de referência nessas áreas de atuação em específico, por canais de comunicação, jornal, revista, emissora de TV e rádio, que faziam uma pré-seleção das pessoas que falariam as informações para o público”, afirma.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
*Redação: Nathalia Braz – estagiária de Jornalismo
Edição: Lucas Rodrigues