Índice de doações de órgãos está relacionado ao esclarecimento das famílias

Na semana do Dia Nacional da Doação de Órgãos (27/9), Saúde com Ciência trata sobre a realidade brasileira e elucida conceitos que permeiam o tema.


23 de setembro de 2016


Na semana do Dia Nacional da Doação de Órgãos (27/9), Saúde com Ciência trata sobre a realidade brasileira e elucida conceitos que permeiam o tema.

ImpressãoUm único doador pode beneficiar até 14 pessoas que esperam por transplantes de órgãos e tecidos. Porém, a conta não é tão simples e o sistema de doação conta com uma série de barreiras a serem transpostas. Além da primeira condição para a grande maioria dos transplantes, a da ocorrência de morte encefálica, outro empecilho tem contribuído para que os índices de pessoas contempladas com órgãos e tecidos não aumente: o número de recusas familiares.

A família detém o poder definitivo para decidir se o parente com o quadro de morte encefálica vai ou não ter seus órgãos e tecidos doados. Não é possível nenhuma outra forma de garantir a vontade do indivíduo em vida, como em algum documento escrito, por exemplo. De acordo com o cirurgião e diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, as doações devem ter o aval familiar e o número de recusas influencia diretamente nos transplantes realizados. “Trabalhávamos, anteriormente, com uma taxa de recusa em torno de 25%, hoje a taxa de recusa é em torno de 40%. A gente tem que trabalhar é exatamente nisso, porque foi um dos principais motivos da queda do número de doadores”, afirma Cançado.

Giving/donation concept

Imagem: reprodução/internet

Os casos de morte encefálica são raros, geralmente ligados a acidentes, e isso já torna a oferta de órgãos e tecidos baixa. Além disso, apenas o quadro diagnosticado não significa possibilidade da doação, já que ainda deve ser feita uma análise da saúde dos órgãos, que se deterioram rapidamente após a parada cardíaca. Portanto, torna-se ainda mais importante que as famílias compreendam a importância de disponibilizar os órgãos de seu parente para a doação, aumentando significativamente o escasso número de órgãos e tecidos disponíveis para transplante.

Para o professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Agnaldo Lima, é preciso uma boa imagem do sistema de transplantes no âmbito familiar. “A doação de órgãos é, sem dúvida alguma, fruto de um bom cuidado de saúde pública para que sejam identificados doadores, para que as famílias tenham confiança no sistema e que possam fazer as doações”, explica.

Morte encefálica

Na grande maioria das vezes, a condição para a doação de órgãos é a morte encefálica do doador. “A morte encefálica é um estado neurológico onde há uma parada completa e irreversível da função cerebral. Então, nesse caso, a pessoa está morta”, comenta Omar Cançado.

Muitos casos de recusa de doação se dão pelo receio dos parentes de estarem interrompendo a vida de seu familiar. Entretanto,  o diagnóstico da morte encefálica é regido por regras rígidas definidas pelo Conselho Federal de Medicina, devendo garantir que a condição seja irreversível e configure o falecimento para a autorização da retirada dos órgãos.

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 178 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.